Quando temos a Polícia Judiciária, em aviões da Força Aérea a aterrar na Madeira, a fazer buscas em mais de 4 dezenas de locais, designadamente em casa do presidente do governo regional, e a deter três pessoas, incluindo o presidente da Câmara do Funchal; quando temos a PSP a deter o chefe dos Super Dragões, Fernando Madureira, conhecido por Macaco, a mulher dele e mais 10 pessoas ligadas à claque do F.C. Porto; quando temos estradas cortadas e fronteiras bloqueadas por tratores, num levantamento espontâneo sem qualquer enquadramento sindical ou das associações patronais, como está a acontecer em França, na Bélgica, e um pouco por toda a Europa; quando temos 20 mil polícias nas ruas do Porto numa marcha de tremendo efeito mediático; quanto temos um ambiente desta natureza, com a agravante de ter o futebol metido ao barulho, ninguém está muito interessado em saber o que dizem Montenegro ou Santos e todos os outros dirigentes concorrentes às eleições de 10 de Março.
O Ministério Público responsabiliza os Super Dragões pelo clima de medo criado na AG do clube, o que vem confirmar o que Villas-Boas denunciou na apresentação da candidatura dele. “Guerra” foi como Pinto da Costa classificou a relação dos clubes de futebol com a imprensa, numa entrevista a Fátima Campos Ferreira, na RTP.
O excesso de informalidade entre jornalistas e políticos, está a atingir patamares completamente inaceitáveis. Os treinadores de futebol, quase todos, tratam os jornalistas por tu. Jornalistas dirigem-se a políticos pelo primeiro nome ou por você. “Você? Você não, o Senhor!”, corrigiu José Sócrates, para logo a seguir ele próprio tratar o repórter repreendido por você.
Luís Neves, diretor da PJ, chamou os jornalistas para responder a dois antigos procuradores – Souto Moura e Cunha Rodrigues – que, em entrevista à Renascença, foram muito críticos em relação ao aparato da operação na Madeira. Cunha Rodrigues, de resto, exigiu mesmo uma explicação “pública, cabal e urgente”. Não parece que o esclarecimento pedido pelo antigo procurador-geral tivesse em mente o diretor da PJ.
O anúncio da “marcha contra a islamização da Europa”, proibida pela Câmara de Lisboa, apoiada num parecer da PSP que considerou a passeata de “alto risco”, produziu como reação o incêndio de um cartaz do Chega em Lisboa. Mário Machado, um dos promotores da manifestação, insistiu nas televisões que vai fazer a arruada, mesmo que não passe pelo Martim Moniz.
No suplemento ao programa, para que serve a ERC? E a TDT? Os 75 mil euros das deslocações de Maló de Abreu. O que fazem os serviços da AR? “Lapas na grelha” foi a nossa sugestão para o nome de código da operação na Madeira. Afinal, os criativos da PJ chamaram-lhe “Operação Zarco”, mas esconderam-no. Gonçalves Zarco foi um navegador a quem o Infante mandou organizar o povoamento e administrar a ilha. Não se percebe o receio da PJ em ferir suscetibilidades.