O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva dirigiu-se à multidão concentrada na Avenida Paulista, em São Paulo, para garantir que “não vai ter golpe” e dizer que volta ao Governo para “ajudar Dilma” Rousseff, a sua sucessora.
“Não vou lá para brigar, vou lá para ajudar a companheira Dilma a fazer o que tem de ser feito no país”, frisou, repetindo que aceitou integrar o Governo, porque o tempo de mandato que falta a Dilma “é suficiente para virar este país” e “voltar a ser feliz”.
A sua missão é “restabelecer a paz, a esperança” do “povo mais extraordinário” do mundo, “recuperar a alegria de ser brasileiro”, descreveu. “Virei Lulinha paz e amor”, brincou, ficando sério depois para dizer que “não existe espaço para o ódio” no país.
“Eles [os opositores] não são mais brasileiros do que nós”, sustentou, aconselhando os manifestantes pró-Governo a não responderem “a provocação” e não alimentarem “o ódio”.
Recusando divisões e “violência”, o ex-Presidente brasileiro – que chegou à Avenida Paulista rodeado por forte segurança – recordou que perdeu várias eleições no passado, mas nunca foi “para a rua protestar contra quem ganhou”.
Mas os opositores – diz – “não estavam à espera” da vitória do Partido dos Trabalhadores (PT) e “agora estão atrapalhando a Presidente Dilma a governar o país”.
Confessando que, “ao completar 70 anos de idade”, já não esperava emocionar-se com manifestações de apoio, Lula da Silva disse esperar que a concentração de apoiantes do Governo na Avenida Paulista “seja uma lição para aqueles que não acreditam na capacidade do povo brasileiro”.
O ex-Presidente - agora nomeado ministro da Casa Civil, mas suspenso por providência cautelar - criticou aqueles que “acham que democracia é uma letra morta” e frisou que “o povo não quer que a democracia seja apenas uma palavra escrita”. E concretizou: “O povo não quer apenas ter direito a comida, ele quer comer de verdade.”
Apresentado como “cavaleiro da esperança” e “o maior Presidente que o Brasil já viu”, Lula da Silva falou depois do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que pediu “calma nessa hora”, rejeitando “dividir o Brasil em dois, entre pobres e ricos”.
Vagner Freitas responsabilizou Sérgio Moro, o juiz responsável pela Operação “Lava Jato”, que investiga os crimes de corrupção no país há dois anos. “Um juiz de toga acha que pode substituir um voto, juiz é para julgar”, criticou. “Vamo-nos livrar do Moro”, apelou.
Durante os discursos, ouviram-se petardos e palavras de ordem como “olé, olé, olá, Lula, Lula”. O próprio ex-Presidente ergueu o punho para acompanhar o grito “Não vai ter golpe”.
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