Pedro Passos Coelho não defende “o permanente recurso a eleições antecipadas” e até admite que o actual Governo pode ser mais resistente “do que muitos esperam” e não levar o país a uma crise como a de 2011. Ainda assim, o líder do PSD espera voltar a liderar um governo. É o que diz na moção de estratégia que apresenta ao congresso do PSD, marcado para os dias 1, 2 e 3 de Abril, em Espinho.
“O PSD não deixará de estar sempre preparado para reassumir responsabilidades de governo, se a isso vier a conduzir o esgotamento da solução de governo protagonizada pelo Partido Socialista”, escreve Pedro Passos Coelho, o único candidato às eleições directas no PSD que se realizam no próximo sábado.
“O PSD reafirma hoje, apenas, que nas decisões que vier a tomar em contexto de falência e esgotamento da actual solução maioritária, tomará sempre em conta as circunstâncias reais do país e decidirá no respeito pela sua visão do que então se apresentar como sendo o superior interesse nacional. E que não é por estar hoje na oposição que passará a defender o permanente recurso a eleições antecipadas ou a instabilidade política como método de afirmação política”, continua Passos Coelho na moção intitulada “Compromisso reformista”.
De seguida, o ex-primeiro-ministro admite que o Governo de António Costa “sobreviva às contradições dos partidos que o suportam” e até se mostre “mais coeso e resiliente do que muitos esperam”.
Mais: Passos admite que a governação desta maioria, embora aposte “no populismo e no facilitismo”, não acabe “necessariamente no retorno à insustentabilidade económica e financeira com o estrondo que acabou em 2011”. Mas, continua, Costa deixará o país “em circunstâncias mais vulneráveis e com maiores desequilíbrios”. E “o país sempre continuará a precisar de uma alternativa liderada pelo PSD".
Histórias “muito mal contada"
O assunto da austeridade é “uma história muito mal contada”, diz Passos, apostado em desfazer a “ideia distorcida” de que o Governo PSD-CDS quis ir além da troika.
“O PSD necessita, também de modo descomplexado, assumir com dignidade o trabalho que realizou enquanto esteve no governo e transmitir aos portugueses as linhas essenciais do projecto que defende para Portugal e as melhores formas de o poder executar”, escreve.
Se estivesse no Governo, Passos estaria a cumprir o programa que levou às eleições, a avaliar as reformas que fez ao longo dos últimos quatro anos e a avançar para “uma segunda geração de políticas estruturais que abrissem caminho a um aceleração maior na construção de uma sociedade mais aberta e cosmopolita”.
O líder social-democrata percorre a história do partido para reafirmar os valores de liberdade, da igualdade, da limitação do Estado e da primazia da sociedade.
No que diz respeito aos desafios políticos e eleitorais, Passos Coelho define a vitória nas eleições regionais dos Açores e nas autárquicas de 2017 como metas estratégicas. “O PSD tem a aspiração de voltar a ser, em 2017, o maior partido no mundo das autarquias, conquistando o maior número de presidências de câmara e voltando a desempenhar, simbolicamente, a presidência da ANMP” (Associação Nacional de Municípios Portugueses), escreve Passos, que remete para mais tarde a definição de uma orientação estratégica para essas eleições.