O Presidente da República defendeu, este sábado, que existe uma "oportunidade única" para atualizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que "não pode ser desperdiçada".
Discursando na cerimónia de Juramento de Hipócrates da região Sul, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "é preciso ajustá-lo à nova realidade e há aqui uma oportunidade única, única, que não foi possível durante a pandemia, que antes da pandemia foi sendo parcialmente encarada, que é olhar para esse SNS e perceber que este é o tempo de proceder a esse ajustamento em recursos humanos, financeiros, logísticos e técnicos, em organização, em gestão, em ensaio do novo modelo de gestão em que quem define política, define política, quem tem que gerir de acordo com competências, olhando para o terreno, deve agir com espaço de manobra, separando uma coisa de outra", salientou.
Considerando que a "oportunidade está criada", o chefe de Estado afirmou que espera que "não seja desperdiçada".
"Foi tão difícil chegar ao ponto de, superada a pandemia, em conversão em endemia, haver o mínimo de condições para fazer essa separação e proporcionar meios e recursos para aquilo que deve ser uma nova fase de gestão do SNS, que não pode ser desperdiçada" pelos "milhares e milhares e milhares que são profissionais de saúde e estão em atividade".
"É o que devemos desejar todos nós, independentemente de sermos de um setor, de um quadrante, de uma orientação, estarmos no poder ou fora do poder, que é a coisa mais transitória do mundo. Não é transitório é verdadeiramente encontrar uma fórmula que olhe para essas prioridades, a vida e a saúde, e recrie as condições que foram criadas noutros tempos e foram sendo reformuladas durante décadas, mas que hoje enfrentam desafios como nunca houve cá dentro e lá fora, noutras sociedades, e são desafios cruciais", apontou.
Quando cumprimentou os representantes de outras ordens profissionais presentes na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa disse que está "atento à garantia da autonomia das ordens, nomeadamente atento à legislação que sobre essa matéria venha a ser aprovada na Assembleia da República".
Perante uma plateia repleta de jovens médicos que tinham acabado de fazer o Juramento de Hipócrates, o Presidente da República confessou ter “uma ponta de inveja” e “pena que não haja esta tradição praticamente em nenhuma outra formação”.
O ministro da Educação, em representação do Governo, apontou que “Portugal vai contar em 2023 com um total de 2054 vagas para formação médica especializada, o maior mapa de vagas de sempre, que representa um crescimento de 115 vagas, mais 6% face a 2022”.
João Costa indicou que “este crescimento traduz um compromisso do Governo e das instituições parceiras na formação dos médicos especialistas para com o reforço de recursos humanos no SNS, com impactos diretos no acesso dos cidadãos a cuidados de qualidade e diferenciados” e deixou um “agradecimento ao empenho da Ordem dos Médicos”.
Precisamente sobre este tema, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, tinha referido antes que em 2017 existiam "cerca de 1550 vagas" para especialidade e hoje são mais de 2050, e "vão sobrar", apontando que "provavelmente vão ficar vagas para a especialidade por ocupar".