Marta Temido chegou ao Portimão Arena, onde decorre o congresso do PS, a conduzir o próprio carro, ainda tentou escapar-se à abordagem dos jornalistas, mas percebeu que seria inevitável responder se está dentro ou fora do lote de candidatos à sucessão de António Costa na liderança do PS. E a verdade é que a ministra coloca-se mais dentro do que fora, ou seja, não descarta a hipótese.
A questão não vem do nada, até porque foi o próprio secretário-geral do partido a lançar o nome da sua ministra em declarações ao jornal online Observador. Temido diz que coloca essas declarações de Costa "no plano daquilo que são as hipóteses que a vida leva a não descartar completamente", mas atribuindo às palavras do líder socialista o significado de "uma resposta muito simpática a uma pergunta que lhe foi feita".
Mas Marta Temido não se limitou a esta posição. Ou seja, não foi lapso ou algo que lhe tenha saído pela pressão das perguntas dos jornalistas, reforçando: “O futuro é uma coisa que é sempre 'on play' e que nunca se sabe o que nos pode trazer. Confessa que a ideia a fez sorrir, admitindo que "daqui a dois anos é muito longe e há tanto trabalho a fazer".
No sábado, primeiro dia deste congresso, Marta Temido recebeu do próprio António Costa o cartão de militante do PS, em pleno palco do pavilhão de Portimão, foi aplaudida em pé depois de discursar e junta-se ao lote de proto-candidatos a suceder a Costa, em que constam os nomes de Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Ana Catarina Mendes ou Mariana Vieira da Silva.
Para já ainda é cedo sequer para a ministra da saúde ser chamada à direção do partido, tendo em conta que não tem tempo suficiente de militância, mas daqui a dois anos já pode sonhar com o que quiser dentro do PS. Esse "daqui a dois anos já pode" foi precisamente a frase usada por Costa para lançar o nome de Temido. Daqui até lá ainda "é muito longe", como admite a própria.
O 23.º Congresso do PS termina hoje com um discurso do secretário-geral, António Costa, centrado no rumo de ação do seu Governo na nova sessão legislativa e nas medidas para a recuperação após a crise da Covid-19.
Desde que foi eleito líder dos socialistas em novembro de 2014, António Costa dedicou sempre os seus discursos de fundo no encerramento dos congressos às medidas que propõe para o país - e o de hoje acontecerá a mês e meio de o Governo entregar no parlamento a sua proposta de Orçamento do Estado para 2022.