O presidente do Parlamento Europeu considerou esta segunda-feira "inaceitável" a situação na Bielorrússia, no final de um encontro com a ex-candidata da oposição às presidenciais do país, Svetlana Tikhanovskaya.
“A situação atual é inaceitável”, salientou Sassoli, apelando ao Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que liberte todos os detidos e dialogue com o Conselho de Coordenação – um conjunto representativo da oposição democrática do qual Svetlana Tikhanovskaya faz parte — e representantes do povo bielorrusso.
O encontro de Sassoli com Tikhanovskaya aconteceu um dia depois de mais de 440 manifestantes terem sido detidos em protestos renovados contra Lukashenko, que é acusado de "fraude eleitoral" na sequência das presidenciais de 9 de agosto.
De acordo com dados avançados esta manhã pelo Ministério do Interior bielorrusso, foram detidos em todo o país 442 manifestantes que participavam na “marcha da justiça”, que, só na capital, Minsk, juntou cerca de 50 mil pessoas, segundo a imprensa local, número inferior ao registado em domingos anteriores.
Em Minsk foram detidas 226 pessoas, segundo o Ministério, que diz ter contabilizado um total de 20 mil manifestantes em 24 protestos não autorizados em todo o país.
Após a reunião com a ex-candidata da oposição bielorrussa, o presidente do PE lembrou que ainda há centenas de bielorrussos detidos, muito dos quais foram torturados.
“Há 45 dias que o povo protesta nas ruas exigindo o direito a escolherem o futuro para o seu país”, referiu ainda.
Na sua deslocação a Bruxelas, Tikhanovskaya participou num debate com eurodeputados da comissão de Negócios Estrangeiros do PE sobre situação na Bielorrússia e encontrou-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), junto de quem reclamou o apoio ao movimento democrático bielorrusso.
As presidenciais de 9 de agosto deram a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.
Nos primeiros três dias de protestos a seguir às eleições foram detidas 6.000 pessoas. A seguir, o número de detenções baixou, mas nas últimas semanas voltou a aumentar, elevando-se agora a 10.000 desde o início dos protestos.
A repressão policial fez por outro lado seis mortos e centenas de feridos, segundo a oposição.