O Irão condenou esta quinta-feira o ataque com um drone (aeronave não tripulada) norte-americano que matou quarta-feira um alto comandante de uma milícia pró-iraniana em Bagdade, considerando-o uma "ameaça à paz e à segurança".
"A continuação de tais atos aventureiros por parte dos Estados Unidos é uma ameaça à paz e à segurança regional e internacional", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, num comunicado.
Um ataque com um drone atingiu na noite de quarta-feira uma viatura em Bagdade, matando três membros da poderosa milícia Kataib Hezbollah, incluindo um comandante de topo, indicaram responsáveis da milícia. O ataque ocorreu numa rua principal do bairro de Mashtal, no leste de Bagdade, levando a que se juntasse uma multidão enquanto as equipas de emergência vasculhavam o que restava da viatura.
Dois oficiais das milícias apoiadas pelo Irão no Iraque disseram, a coberto do anonimato, à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP) que um dos mortos era Wissam Mohammed "Abu Bakr" al-Saadi, o comandante responsável pelas operações do Kataib Hezbollah na Síria.
O ataque deu-se alguns dias depois de as Forças Armadas norte-americanas terem lançado uma ofensiva aérea contra dezenas de instalações no Iraque e na Síria utilizadas por milícias apoiadas pelo Irão e pela Guarda Revolucionária iraniana, em retaliação por um ataque de drone que matou três soldados norte-americanos na Jordânia no final de janeiro.
Os Estados Unidos responsabilizaram pelo ataque na Jordânia a Resistência Islâmica no Iraque, uma vasta coligação de milícias apoiadas pelo Irão, e as autoridades disseram suspeitar de que o Kataib Hezbollah, em particular, o liderou.
Edta quinta, mas em Bagdade, o porta-voz militar do primeiro-ministro iraquiano afirmou que a coligação internacional anti-jihadista liderada pelos Estados Unidos no Iraque tornou-se um "fator de instabilidade".
As declarações do general Yehia Rasool, porta-voz militar do primeiro-ministro Mohamed Chia al-Soudani, ocorrem um dia depois de um novo ataque dos Estados Unidos que provocou a morte de um comandante de um grupo armado pró-Irão em Bagdade.
Nas declarações, Rasool deplorou o facto de "esta linha de ação pressionar mais do que nunca o Governo iraquiano a pôr termo à missão desta coligação, que se tornou um fator de instabilidade no Iraque e ameaça arrastar o Iraque para um conflito regional".
Anteriormente, as forças de segurança iraquianas, bem como as milícias pró-iranianas no Iraque e no Iémen, condenaram como "agressão" o "assassinato" pelos Estados Unidos, na noite de quarta-feira, do comandante da milícia xiita iraquiana.
O comandante pró-iraniano era acusado por Washington de estar envolvido nos recentes ataques com 'drones' e mísseis contra as bases da coligação internacional no Iraque e na Síria.
A Célula dos Meios de Comunicação de Segurança, organismo que serve de porta-voz das várias forças de segurança iraquianas, culpou também, em comunicado, "as forças dos Estados Unidos e da coligação internacional" lideradas por Washington pelas "repercussões das graves ações que afetam a segurança e estabilidade do Iraque".