O músico João Gil, em conjunto com a Cruz Vermelha Portuguesa, lançou o desafio a todos os artistas lusófonos para participarem no "maior concerto do mundo" e, assim, angariarem fundos destinados a Moçambique, país afetado pelo ciclone Idai.
"Nós queremos mobilizar os povos da língua portuguesa. Queremos mobilizar o povo do Brasil, o povo de Angola, todos os músicos angolanos”, anunciou João Gil numa conferência de imprensa na sede da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), em Lisboa.
O músico disse ainda que se pretende mobilizar Moçambique, Cabo Verde, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.
“Podem enviar os seus conteúdos e, a partir de 18 de abril, nós começamos um concerto interminável", declarou o músico português.
A iniciativa, dinamizada também com Rui Veloso, pretende angariar fundos destinados a ajudar as vítimas do ciclone Idai em Moçambique, país que já contabiliza 281 vítimas mortais, e irá funcionar de uma forma diferente de outros concertos solidários realizados até agora.
Em vez de uma transmissão televisiva, a emissão da "Operação Imbondeiro - O Maior Concerto do Mundo" seria feita através do portal online da Cruz Vermelha Portuguesa, podendo então ser partilhada pelas várias estações de rádio e canais televisivos.
Uma vez no portal da Cruz Vermelha Portuguesa, as estações podem fazer a ligação e podem transmitir os concertos "de uma forma absolutamente aberta" e no seu rodapé constará uma linha da Altice para a recolha de fundos diretamente para o fundo de emergência da CVP, explicou o presidente da instituição, Francisco George.
A iniciativa consiste, de acordo com João Gil, numa alternativa mais "democrática" e permite a participação de todos os artistas interessados, assinalando que os moldes anteriores conduziam à limitação do número de participantes.
"Quando nós fizemos o concerto de Pedrógão [Grande], não demos vazão a todos os artistas que queriam trabalhar, que queriam colaborar, e desta vez não há limites", afirmou João Gil, acrescentando que este "pode ser o maior concerto do mundo".
Durante a conferência de imprensa, a Cruz Vermelha Portuguesa anunciou já ter angariado 394.000 euros e que utilizará parte deste valor para fretar um avião com rumo à cidade moçambicana da Beira que transportará 30 toneladas de ajuda humanitária.
O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, decretou o estado de emergência nacional na terça-feira e disse que 350 mil pessoas “estão em situação de risco”.