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Com os terrenos de cultivo arrasados pelas bombas e os agricultores mobilizados para a guerra, a invasão russa pode reduzir para metade a colheita de cereais na Ucrânia, fundamental para a alimentação mundial, alertou esta quinta-feira o governo ucraniano.
A Ucrânia colheu no ano passado 106 milhões de toneladas de cereais, um recorde absoluto que este ano deve diminuir entre 25% a 50%, referiu o ministro da Agricultura ucraniano, em entrevista à agência France Presse (AFP).
De resto, este é, segundo Mykola Solsky, um "prognóstico otimista".
A invasão russa da Ucrânia, lançada a 24 de fevereiro, virou a indústria agrícola daquele país de 'pernas para o ar', na altura em que esta antiga república soviética, famosa pelos seus solos negros muito férteis, era o quarto maior exportador mundial de milho e estava a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de trigo.
Parte das regiões com solo fértil, especialmente no sul, como Kherson, Zaporozhye ou Odessa, estão a ser atormentadas por hostilidades.
Um dos problemas é a ida de muitos agricultores para o Exército, ou para a defesa territorial, que cria uma escassez de mão-de-obra, refere o ministro.
Por isso, o governo procura criar um "sistema de isenções temporárias" que permite aos trabalhadores não serem mobilizados para o campo de batalha.
Apesar da guerra, os ucranianos já começaram a semear trigo, cevada, aveia, girassol ou soja, mas a mudança da situação no terreno está a obrigar as quintas e as autoridades a improvisarem.
"Não sabemos quais culturas serão plantadas (...) Cada agricultor ou quinta tomará a sua decisão com base na disponibilidade de sementes, fertilizantes, pesticidas e combustível", explica Mykola Solsky.
A falta de combustível é outra das dores de cabeça principais, visto que antes do conflito este era entregue principalmente pela Rússia e Bielorrússia, bem como através de portos marítimos cujo acesso está hoje bloqueado pelas forças russas.