Veneza, uma das cidades mais visitadas do mundo e um importante pólo turístico para Itália, vai proibir a entrada de navios cruzeiros nos seus famosos canais no centro histórico. A decisão foi anunciada na quarta-feira pelas autoridades italianas, depois de um pedido da UNESCO.
Toda a cidade e a lagoa que a banha é Património Mundial da UNESCO desde 1987. A Unesco tinha avisado, já em outubro de 2019, que navios de grandes dimensões estavam a danificar a integridade dos canais.
Segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada à cultura e educação, a entrada de cruzeiros nos canais do centro histórico é um risco de poluição no canal e de segurança para os restantes barcos, edifícios e turistas.
Além disso, a poluição dos navios tem acelerado a erosão das fundações da cidade, que sofre regularmente de cheias.
A decisão é bem-vinda pela autarquia de Veneza. Em 2019, quando um cruzeiro abalroou um porto na entrada da cidade, ferindo cinco pessoas, o então autarca Luigi Brugnaro pediu à UNESCO para colocar a cidade numa lista negra, em protesto contra a inação do ministério dos transportes, que continuava a permitir a entrada de grandes navios em Veneza.
Agora, os cruzeiros terão de ancorar no porto industrial de Vezena, longe do centro, até uma nova solução ser encontrada. Os navios cruzeiros podiam até agora navegar pelo canal Giudecca, um dos canais mais movimentados de Veneza e que dá directamente para a histórica Praça de São Marcos.
O ministro da Cultura italiano, Dario Franceschini, elogiou a decisão e considerou "a medida correta, esperada há anos". Tanto em 2013 como em 2017, foram aprovadas medidas para proibir a entrada de navios a partir de terminado peso no centro de Veneza e no canal de Giudecca, mas acabaram por ser revertidas.
A ausência de cruzeiros no centro da cidade não é recente, já que as restrições impostas pela pandemia da covid-19 proibiram cruzeiros em Veneza. Essa ausência foi, aliás, muito notada nas redes sociais: a qualidade da água dos canais da cidade melhorou durante os primeiros meses de pandemia, e muitos em Veneza apontaram como principal causa a falta de uma forte fonte de poluição, como os cruzeiros.