O Vaticano anunciou esta terça-feira uma nova política de investimentos para garantir que sejam éticos, verdes e de baixo risco.
Os investimentos da Santa Sé devem evitar indústrias de armamento ou setores de saúde envolvidos em aborto, contracepção ou células-tronco embrionárias.
As novas diretrizes ordenam que os departamentos do Vaticano encerrem as suas contas de investimento ou ações em bancos estrangeiros, incluindo Itália.
As contas devem ser transferidas para o Banco do Vaticano, de forma a serem supervisionadas por um departamento chamado Administração do Património da Santa Sé (APSA).
Em causa estão cerca de dois mil milhões de euros em investimentos do Vaticano, segundo a agência Reuters.
A nova Declaração de Política de Investimento retira a todos os departamentos do Vaticano a capacidade de investirem seus fundos de forma independente e chega após vários escândalos financeiros.
“O objetivo principal é disciplinar os investimentos e centralizá-los. É mais organizado, mais controlado e mais transparente. Definitivamente, é um passo em frente”, afirma fonte do Vaticano à agência Reuters.
A transparência nas finanças do Vaticano tem sido uma das preocupações do Papa. No final de 2020, Francisco publicou uma lei (“Motu próprio”) “sobre competências em matéria económico-financeira” para controlar as contas do Vaticano.
A Carta Apostólica pretende “uma melhor organização da administração, dos controlos e vigilância económica e financeira da Santa Sé para assegurar uma gestão transparente e eficaz e uma clara separação de competências e funções.”
Um ano antes, o Papa tinha aprovado os novos estatutos do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido popularmente como o Banco do Vaticano, que passou a ter funcionários em exclusividade, com renovação sistemática dos órgãos de governo.
O documento renova o atual estatuto, aprovado por João Paulo II, em 1990, e introduz a figura do “revisor externo”, que pode ser uma pessoa singular ou uma empresa, eliminando a figura dos auditores internos.
Já depois destas alterações, em 2021, o Tribunal do Estado do Vaticano condenou Angelo Caloia, ex-presidente Banco do Vaticano, entre 1989 e 2009 e o advogado Gabriele Liuzzo a oito anos e onze meses de prisão, pelos crimes de branqueamento de capitais e peculato qualificado, relacionado com a venda de imóveis.