Percebe-se que estão nervosos e pouco habituados a falar para os jornalistas e muito menos na sala de imprensa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Micael, Mariam, Luis, Saad, Carolina, Pierre e Agners são sete dos 24 mil voluntários, vindos de 140 países, que ajudam na organização da JMJ.
Cada um traz a sua história. Micael, do Brasil, conta que era para estar aqui com o seu irmão, mas a vida trocou-lhe as voltas e o irmão morreu no ano passado. “Ele era uma pessoa com deficiência”, explica, acrescentando que, apesar do seu falecimento, o irmão “está aqui comigo” e ajuda-o a “ajudar também outras pessoas com deficiência”.
Micael diz ainda que é o único brasileiro da equipa de saúde especial para as pessoas com deficiência.
Doutro ponto do mundo chega Mariam, 23 anos. Ela vem do Egito e pertence à Igreja Ortodoxa Copta. Mariam conta que é a primeira vez em Lisboa, cidade pela qual já se apaixonou. Decidiu vir, sozinha, depois de uma amiga católica falar-lhe de como é maravilhosa a experiência de uma Jornada Mundial da Juventude.
Esta estudante de medicina diz que quer “ver como é que jovens de tantos países vivem a sua fé”.
De seguida falou Luis Pina, venezuelano que há dois anos passou a viver na Turquia. “Não é fácil ser-se católico num país em que só 10% da população é católica”, explicou, acrescentando que a principal motivação para vir a Lisboa é porque “sentia fome de estar com Deus vivo”.
Também oriundo de um país em que o catolicismo é uma minoria, falou Saad Khoram. Nasceu no Iraque, em 1979, e desde então, diz, “tem vivido de guerra em guerra”. “A guerra está a levar todo o nosso tempo, incluindo o tempo para a Igreja”, lamenta.
Engenheiro mecânico de profissão, Saad explica que é a sua quarta participação numa Jornada Mundial da Juventude. Foi primeiro como peregrino ao Brasil, ao Rio de Janeiro, e depois a Cracóvia, na Polónia. Em 2019, já foi voluntário no Panamá e agora repete a experiência em Portugal. “O mais complicado nas minhas participações é conseguir o visto, por causa da situação do meu país”, explica.
Quem não teve de viajar muito para estar na Jornada Mundial da Juventude foi Carolina Durães. Tem 21 anos, veio de Braga. Carolina, estreante nas Jornadas Mundiais da Juventude, conta que viu “uma oportunidade de serviço”.
“Vou mostrar a todos quão bom é o meu país”, adianta.
Carolina refere ainda que a JMJ representa também “uma excelente forma de comunicar com outros jovens” e perceber não está só.
“O que eu sentia às vezes é que estava um bocado sozinha nesta fé e, quando cheguei cá, conheci jovens da minha idade ou ainda mais novos que sentem o mesmo que eu. Eu não estou sozinha”, remata.