O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, anunciou esta quinta-feira na Renascença que a Área Metropolitana quer assumir a gestão da ferrovia na Grande Lisboa e que já manifestou essa intenção ao Governo.
Esta é uma possibilidade que José Manuel Viegas, ex-professor catedrático do Instituto Superior Técnico, considera que deve ser discutida.
À Renascença, o especialista em transportes defende que a proximidade na gestão poderia evitar a forte degradação de infraestruturas, como aconteceu, por exemplo, com a linha de Cascais.
"O facto de a área metropolitana, que tem a sua cúpula política com os presidentes dos municípios, leva a que situações de forte degradação como a da linha de Cascais sejam mais audíveis ao nível de uma área metropolitana do que ao nível do Governo nacional", explica.
Por esse motivo, considera que "é provável que as situações de degradação não chegassem tão longe" sob gestão camarária, daí considerar "positiva" a discussão lançada por Medina sobre a gestão da ferrovia portuguesa.
Em tempos a chefiar o núcleo de investigação em Infraestruturas, Sistemas e Políticas de Transportes, o antigo professor do IST lembra que "há outras áreas metropolitanas na Europa que já deram esse passo", o que revela que "pelo menos no plano conceptual e nalgumas realidades isso foi possível", daí considerar que "vale a pena discutir" o assunto.
Apesar disso, José Manuel Viegas alerta que na Área Metropolitana de Lisboa "há linhas do serviço nacional" e que "é preciso definir bem quais são as garantias que seriam dadas por esse gestor metropolitano para que não se degrade a qualidade dos serviços extra metropolitanos".
O especialista dá como exemplo Madrid, onde "dentro da RENFE se criou uma outra empresa chamada CERCANIAS e em que a autoridade é a Área Metropolitana".