Veja também:
- Todas as notícias sobre o coronavírus
- As máscaras resultam? Lavar as mãos basta? Guia para se proteger do coronavírus
Sobe para 39 o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus em Portugal, avança o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda. Os doentes estão "clinicamente estáveis", mas há uma paciente que inspira "algum cuidado e está sob vigilância clínica mais apertada".
Há um total de 339 casos suspeitos que aguardam o resultado dos exames, adianta António Lacerda em conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
"Os primeiros casos foram importados de Itália e de Espanha, existindo cadeias de transmissão ativas em Portugal", refere o secretário de Estado da Saúde.
Portugal ativou "atempadamente" os planos de contingência nacional, regional e local, afirma António Lacerda, e "são esses planos que têm levado à tomada de medidas localmente".
O Norte do país é a região "mais afetada" pelo coronavírus, o que levou ao encerramento de todas as escolas de Lousada e Felgueiras. Estão ainda encerradas duas escolas na Amadora e duas no Algarve.
"As medidas de contingência são tomadas depois de uma avaliação pela autoridade de Saúde de forma flexível, dinâmica e proporcional. Daí que em alguns casos se proceda ao encerramento de algumas turmas e noutros ao encerramento completo de estabelecimentos de ensino", explica António Lacerda.
"As medidas tomadas não são arbitrárias e seguem orientações da Direção-Geral da Saúde. É importante que os portugueses continuem a confiar e a seguir as recomendações da nossa autoridade nacional de saúde."
Onze hospitais ativados. Faro é o mais recente
Relativamente à capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, o governante refere que foram ativados alguns hospitais de segunda linha para fazer face aos novos casos.
Até esta segunda-feira foram ativados 11 hospitais para receber doentes devido ao Covid-19: o Hospital São João, Santo António, Braga, Pedro Hispano, Guarda, Pediátrico de Coimbra, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Curry Cabral, Dona Estefânia, Santa Maria e Hospital de Faro.
À medida que a situação for evoluindo mais hospitais serão ativados, disse António Lacerda, que agradeceu aos profissionais de saúde, que "têm sido incansáveis", e às ordens profissionais que têm apelado ao envolvimento de todos os profissionais no combate ao surto de coronavírus.
Cirurgias programadas podem ser adiadas
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, adianta, em conferência de imprensa que os 39 casos confirmados "não precisaram de cuidados intensivos".
Sobre o plano nacional de contingência, que foi divulgado esta segunda-feira, Graça Freitas admite que, se for necessário, serão canceladas cirurgias e atos médicos não urgentes.
"Relativamente à questão sobre cirurgias programadas, situações não urgentes, isso está num plano. Não sabemos como é que vai evoluir esta epidemia e esperamos nunca chegar a esse ponto, mas se tivermos de chegar a esse ponto, obviamente, é isso que será feito. Teremos que libertar camas, médicos e enfermeiros. Portanto, as situações que possam aguentar cuidados serão adiadas, mas isso é numa fase da epidemia completamente diferente daquela em que estamos hoje", afirma a diretora-geral da Saúde.
Graça Freitas explica que o plano de contingência, basicamente, traça cenários para as várias fases que o surto pode atingir.
“Tem tudo o que nós temos dito nestas conversas. É mais extenso e explicativo. A primeira coisa que diz é que a doença evolui por fases e temos que adaptar os recursos a cada fase, quer em termos de vigilância epidemiológica, a informação que nós precisamos, medidas de saúde pública que têm de ser tomadas, medidas que têm a ver com a gestão do doente, quer em ambulatório quer em internamento, medidas que têm a ver com a reserva estratégica de medicamentos e equipamentos. O plano, no fundo, é prever uma curva epidémica e pensar que, para cada fase daquela curva, nós temos que tomar medidas completamente diferentes.”
Sobre um cenário de encerramento de fronteiras e cancelamento de voos, Graça Freitas diz que Portugal vai continuar a agir em linha com a União Europeia. "Neste momento, essa questão não está em cima da mesa", sublinha.
Definição de caso suspeito foi alargada
A responsável anunciou que a DGS alterou, esta segunda-feira, a definição de caso suspeito de coronavírus, alargando-o a todos os que tiverem doença respiratória grave sem causa ainda conhecida.
"Hoje mudámos a definição de caso e uma das situações que está previsto é que, quem tenha uma doença respiratória grave, sem se saber porque é que essa doença está a acontecer, que também faça testes para o novo coronavírus. Sem nenhuma outra ligação epidemiológica, basta ter uma doença respiratória grave, nomeadamente uma pneumonia, para poder ser testado, se não tiver uma causa já identificada."
A diretora-geral da Saúde acredita que a "situação está relativamente controlada" em Portugal, mas é preciso estar preparado para todos os cenários.
"O foco da região Norte é o mais ativo. A situação está relativamente controlada, não temos tido um crescimento desproporcionado e exponencial da doença, tudo indica que as medidas de contenção estão a resultar. O comportamento do vírus pode modificar-se. Neste momento, temos vários padrões de transmissão nos diversos países. O nosso até ao momento tem estado a correr relativamente bem, uma vez que não temos tido uma explosão de casos positivos."
"Estamos tranquilos, não quer dizer que dentro de dois ou três dias não possa haver uma situação parecida com Itália, Temos que prever todos os cenários", afirmou.