O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, adverte para o risco de “diminuição de credibilidade das Nações Unidas”, caso “se faça tábua rasa dos passos dados" no processo de candidatura a secretário-geral da Organização das nações Unidas (ONU).
Em entrevista à Renascença, o chefe da diplomacia portuguesa evita falar da candidatura agora anunciada da búlgara Kristalina Georgieva, reforçando os méritos da candidatura de António Guterres, que é "transparente e foi apresentada a tempo".´
Como encara o Governo o surgimento da candidatura da vice-presidente da Comissão Europeia Kristalina Georgieva?
Nós temos uma candidatura, a do engenheiro António Guterres, que apresentamos em tempo e de uma forma totalmente transparente. Demos o nosso contributo para que o Conselho de Segurança estivesse em condições de escolher o melhor para desempenhar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas. O nosso candidato tem obtido os melhores resultados, quer nas audições e debates quer nas votações indicativas que já se realizaram, no número de cinco. Portanto, estamos muito confiantes nos méritos da nossa candidatura e confiamos também muito no processo de decisão.
A entrada desta nova candidata, com o apoio da chanceler Angela Merkel, poderá ser fatal para a candidatura de Guterres?
Nós respeitamos todos os candidatos e, portanto, fazemos o nosso trabalho, que é a campanha pelo nosso candidato. E confiamos que as Nações Unidas saberão concluir este processo de forma a não pô-lo em causa. Porque se agora se fizesse tábua rasa de todos os passos que foram dados e de todos os requisitos que foram impostos, era a credibilidade das Nações Unidas que ficaria diminuída.
Isto obrigará o Governo português a um esforço redobrado no apoio à candidatura de António Guterres?
Eu não falaria de redobrar esforços. Evidentemente que há uma campanha em curso. A nossa tem sido uma campanha muito sóbria, porque nós acreditamos que as qualidades e a experiência de António Guterres falam por si.
O Governo, na nota que emitiu, diz que a candidatura de António Guterres foi transparente e a tempo. Significa que esta candidatura búlgara não é uma coisa nem outra?
Significa que a nossa candidatura é transparente e foi apresentada a tempo. E que os 15 membros do Conselho de Segurança puderam-se exprimir por cinco vezes sucessivas, no sentido de o encorajar. Tudo isto é evidente, tudo isto fala por si, tudo isto é público e notório.