Veja também:
- Eurodeputados defendem sanções mais severas da UE à Rússia
- “Dizer que o PCP é um vassalo da União Soviética é um insulto". António Filipe sobre as posições do partido face a Putin
O PCP votou contra uma resolução do Parlamento Europeu (PE) de condenação da Rússia e da sua invasão à Ucrânia, esta terça-feira.
O Parlamento Europeu aprovou a resolução, por uma esmagadora maioria de 637 votos a favor, 13 contra e 26 abstenções, que condena com "a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Federação da Rússia contra a Ucrânia, bem como o envolvimento da Bielorrússia nesta agressão".
Dois dos 13 votos contra foram dos deputados comunistas Sandra Pereira e João Pimenta Lopes.
Num comunicado oficial, o PCP considera "profundamente negativa" a resolução adotada no Parlamento Europeu.
Entre as razões elencadas para justificar esta posição, o partido defende que a proposta "procura impor uma visão unilateral e instiga à guerra", "ignora os atropelos aos princípios do direito internacional" e o papel de Estados Unidos, NATO e União Europeia "no golpe de estado de 2014, na Ucrânia, recorrendo a forças fascistas, que levou a profundas fracturas, perseguições e violência na Ucrânia e que se traduziu em 15 mil mortos neste país nos últimos sete anos".
"Ao invés de contribuir para uma urgente e necessária solução política, pugna pelo corte de todas as pontes e pela imposição de mais sanções que atingem os povos da Europa e são pretexto para colocar em causa direitos e o agravamento das condições de vida", lê-se, ainda, no comunicado.
Como tem sido habitual, o PCP refere-se à invasão russa da Ucrânia como uma "intervenção militar" e volta a proferir criticas à "intensificação da escalada belicista dos EUA, NATO e UE".
Resolução do PE pode "eliminar algumas pontes"
Em declarações à CNN Portugal, o dirigente comunista João Ferreira argumentou que a resolução do Parlamento Europeu a condenar a invasão russa da Ucrânia não é a melhor maneira de resolver o conflito.
"A resolução do Parlamento Europeu não aponta, propriamente, nesse caminho. Aponta em três direções que considero perigosas, neste momento. Em primeiro lugar, pede para aumentar o ritmo de fornecimento de armas à Ucrânia, ou seja, em lugar de travar a escalada do conflito, ela aponta no sentido de elevar o patamar de confronto e, com isso, de eliminar algumas pontes que poderiam existir para uma solução política.”
João Ferreira também critica a resolução do PE no sentido em que “reforça a intervenção da NATO na região”.
“Sabemos que isso foi parte do problema. O avanço da NATO até às fronteiras da Rússia criou uma situação que a Rússia entendeu como uma ameaça à sua segurança”, sublinha o dirigente do PCP.
BE votou a favor, mas discordou de alguns pontos
Já o Bloco de Esquerda, que também tem sido crítico da NATO, da UE e dos EUA acabou por votar a favor da resolução no seu conjunto, apesar de se ter oposto a pontos específicos.
Os bloquistas votaram contra os pontos 21, 22, 25 e 27 da resolução porque estão contra a "tentativa da direita de aproveitar a justa indignação com esta guerra para lançar uma corrida ao armamento e uma escalada militar numa região de enorme sensibilidade, com consequências imprevisíveis".
"Opusemo-nos e opor-nos-emos a que esta guerra seja usada como pretexto para um alargamento da NATO, uma organização que nunca serviu a paz e é historicamente responsável por inúmeras ocupações, conflitos armados e manobras de desestabilização", lê-se, em texto publicado no site do partido, Esquerda.net
Mesmo assim, o partido votou a favor da resolução global, porque "o seu núcleo fundamental garante um quadro de ações e sanções que enfraquecem a capacidade económica da Rússia para prosseguir a invasão da Ucrânia".
[Notícia Atualizada]