André Ventura alerta que "é perigoso muitos políticos juntarem-se para pedir a cabeça do Ministério Público".
"Acho que era importante não diabolizarmos a investigação. Passamos anos a dizer que não deviamos ter medo da investigação", disse o presidente do Chega, entrevistado esta quinta-feira na Renascença.
Questionado sobre a decisão do juiz de instrução relativamente ao caso da Madeira em libertar os três detidos na megaoperação da Polícia Judiciária, o deputado refere que "é preciso ter em conta que estas decisões são muitas vezes revertidas" e lamenta que o processo de recurso demore muito e seja um sistema que "permite abusos a toda a hora".
"O caso de Sócrates foi paradigmático. Tivemos um juiz de instrução que quase matava o caso. Estamos a falar de um processo em que foi há dez anos que foi detido. Estamos a caminhar para prescrição do processo", diz.
André Ventura defende que a Procuradora-Geral da República não tem de se limitar a um mandato, mas não diz se defende a sua continuidade, por faltar uma avaliação mais concreta do trabalho feito.
O líder do Chega refere, ainda, que Portugal tem um problema de "alguns cargos que têm um papel importantíssimo serem nomeados pelos próprios partidos políticos.
"Temos de ter cuidado quando há decisores políticos nomeados por partidos políticos. Nas grandes nomeações da Justiça, devemos evitar a forma política. Devemos estudar alternativas, como a nomeação dos pares, sem que isso promova o corporativismo", defende.
O deputado promete um fundo de apoio às empresas para ajudar a pagar aumentos do salário mínimo, até 2026, quando o Chega prevê que seja de mil euros. No entanto, Ventura rejeita apontar para mais aumentos.
"É fácil dizer que podia ser 1.500 euros, mas temos de ter pés na terra. Temos de perceber que nem todas as empresas podem acompanhar a exigência do salário mínimo. O que é que acontece às empresas que não têm liquidez?", explica.
Ventura quer "uma convergência e um modelo estável" com a Aliança Democrática liderada por Montenegro e refere que só faz sentido equacionar um moção de rejeição depois de se conhecer o programa de Governo.
"O Chega é o partido que mais tem crescido na votação. É impossível que a AD tenha qualquer resultado que permita governar sozinha", acredita.
Para o líder do Chega, Joe Biden "está xexé" e Donald Trump é o "mal menor" nas eleições Presidenciais norte-americanas de 2024.
André Ventura não apoia totalmente as declarações de Trump sobre a NATO, mas espera que seja "um sinal de alerta à Europa" para reforçar os recursos da Defesa.
"O que o ex presidente dos EUA disse é que os países da Europa acomodaram-se â sombra norte-americana", acrescenta.
André Ventura esteve esta quinta-feira nos estúdios da Renascença, onde respondeu às questões da jornalista Susana Madureira Martins e, depois, foi alvo do "Desculpa, mas vais ter de Perguntar", com Joana Marques, Inês Lopes Gonçalves e Ana Galvão.
A entrevista foi transmitida em antena e pode ser recordada no Youtube da Renascença.
Esta foi a quinta de uma série de entrevistas aos líderes partidários com assento parlamentar, a caminhos das eleições legislativas marcadas para 10 de março.