José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), avisa que as recentes declarações de Donald Trump sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) podem ter consequências.
Numa ação de campanha para as primárias, o ex-presidente dos Estados Unidos da América afirmou que encorajaria uma agressão russa contra países europeus membros da NATO que não canalizassem 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Defesa.
Em declarações à Renascença, José Pedro Teixeira Fernandes alerta para um "efeito perverso" das declarações de Trump, que podem ter consequências.
"Eu acho que [Trump] tem soluções radicais que resolvem os problemas que ninguém resolveu. Tem um efeito obviamente perverso, que é levantar dúvidas sobre a eficácia da NATO, sobre a garantia que a Aliança pode dar no caso de uma situação crítica, de uma ameaça militar séria. Obviamente que toda a gente pensa no que é que podem ser as consequências de uma relação com a Rússia com este tipo de declarações", refere.
Temendo essas consequências, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros disse, depois das declarações de Trump, que a Europa precisa de segundo seguro de vida além da NATO. Isto porque, segundo José Pedro Teixeira Fernandes, a Europa começa a ter consciência de que o problema vai para além de Donald Trump:
"Os governantes europeus começam cada vez mais a ter consciência de que o problema é mais profundo do que Donald Trump, o que parece cada vez mais claro e isto, visto do ponto de vista dos europeus, é preocupante e necessita de uma resposta por antecipação."
O investigador do IPRI salienta que a rotatividade no poder nos EUA significa que "algum dia chegará um presidente republicano novamente à Casa Branca".
"Esperemos que não seja Donald Trump, mas outro", acrescenta José Pedro Teixeira Fernandes, embora assinale que "estas características estão instaladas na sociedade americana".
Donald Trump sugeriu deixar a Rússia atacar qualquer país que pertença à NATO e que tenha as contribuições para a organização político-militar ou o investimento em Defesa abaixo do expectável.
O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, considerou que as declarações do ex-presidente dos EUA são prejudiciais para os 31 países, incluindo Portugal, que compõem a organização.