O Ministério Público abriu um inquérito ao caso do bebé que nasceu há 10 dias em Setúbal com malformações graves que não terão sido detetadas durante a gravidez, confirmou fonte oficial à agência Lusa esta quinta-feira.
“Confirma-se a receção, muito recentemente, de uma queixa apresentada pela mãe. A mesma deu origem a um inquérito que corre os seus termos no Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Setúbal”, referiu fonte oficial da Procuradoria-geral da República à Lusa.
O obstetra que não detetou malformações graves num bebé que acabou por nascer sem grande parte do rosto no início deste mês, em Setúbal, tem quatro processos em curso no conselho disciplinar da Ordem dos Médicos.
A informação foi dada à agência Lusa por fonte oficial da Ordem na sequência de uma notícia do jornal Correio da Manhã, que conta que no dia 07 de outubro nasceu no Hospital de São Bernardo um bebé sem olhos, nariz e parte do crânio, depois de a mãe ter realizado ecografias com um obstetra que seguia a mãe numa clínica privada em Setúbal.
Segundo a Ordem, o médico em causa tem quatro processos em instrução no conselho disciplinar sul da Ordem.
De acordo com o Correio da Manhã, os pais do bebé fizeram três ecografias com o médico em causa, sem que lhes tivesse sido reportada qualquer malformação.
Só num exame feito noutra clínica, uma ecografia 5D, os pais foram avisados para a possibilidade de haver malformações. Questionaram o médico que os seguia, que lhes garantiu que estava tudo bem, conta o jornal, citando a madrinha do bebé.
O bebé, chamado Rodrigo, completa hoje 10 dias, apesar de o prognóstico inicial lhe dar apenas algumas horas de vida.
As complicações só foram detetadas depois do parto e os pais apresentaram queixa ao Ministério Publico contra o médico. Entretanto, o Correio da Manhã relata que o Hospital de São Bernardo abriu um inquérito para averiguar este caso.
Bastonário dos Médicos pede ação rápida
O bastonário dos Médicos pediu hoje esclarecimentos e uma ação rápida ao Conselho Disciplinar do Sul da Ordem sobre o clínico envolvido no caso do bebé que nasceu com malformações graves em Setúbal.
Numa nota enviada à comunicação social, o bastonário Miguel Guimarães recorda que não pode interferir na atividade do Conselho Disciplinar, que tem autonomia estatutária, mas ainda assim pediu “um esclarecimento cabal” ao presidente daquele organismo “dada a gravidade dos factos relatados”.
Miguel Guimarães apelou também ao Conselho Disciplinar do Sul para uma “ação rápida, eficaz e justa nos casos analisados, que dignifique a profissão médica e proteja os doentes”.
O bastonário deixou ainda uma palavra de solidariedade à família do bebé pelo “momento muito difícil” que está a atravessar.