No dia em que Marcelo Rebelo de Sousa decide o futuro político do país, surgem novos dados sobre as investigações que levaram à demissão do primeiro-ministro.
O que sabemos nesta altura?
Desde logo, o nome da operação: a SIC revela que o Ministério Público batizou a esta operação como 'Influencer'. Trata-se de uma investigação do Ministério Público que incide sobre três grandes negócios: a exploração de lítio, o hidrogénio verde e o data center de Sines.
Porquê operação 'Influencer'?
Porque, de acordo com a acusação do Ministério Público, o advogado Diogo Lacerda Machado terá funcionado como elemento de ligação entre o Governo e a sociedade Start Campus nos negócios do lítio e do hidrogénio que estão no centro das investigações.
Ou seja, o consultor terá usado a amizade com o primeiro-ministro para influenciar as decisões do Governo.
Além disso, Lacerda Machado é próximo de Vítor Escária, através de quem terá facilitado o acesso regular dos administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, a membros do Governo, nomeadamente ao ministro João Galamba.
Quanto a António Costa, foram realizadas buscas no Palácio de São Bento e o primeiro-ministro foi, também, intercetado em escutas telefónicas.
Isto atinge diretamente António Costa?
Em matéria de responsabilidade política, sim, porque são buscas que visam pessoas muito próximas do primeiro-ministro. Daí a demissão apresentada esta terça-feira. Em termos legais, há que aguardar pelas investigações.
Seja como for, Costa aparece nas escutas telefónicas em conversas com o seu chefe de gabinete - Vítor Escária -, com Diogo Lacerda Machado, consultor jurídico e amigo pessoal do primeiro-ministro e com João Galamba.
Já nas buscas em São Bento, só o gabinete de Vítor Escária foi alvo de buscas e os investigadores não encontraram qualquer material diretamente relacionado com António Costa.
No entanto, a SIC revela que foram apreendidos quase 76 mil euros em numerário no gabinete de Vítor Escária.
E o que sabemos sobre as escutas telefónicas envolvendo o primeiro-ministro?
Os autos desta operação referem mais de 20 escutas telefónicas em que António Costa surge como um dos interlocutores, entre novembro de 2020 e este ano. Além das conversas com Vítor Escária, Lacerda Machado e João Galamba, foram, também, intercetadas chamadas com João Pedro Matos Fernandes, ex-ministro do Ambiente e suspeito de corrupção passiva e prevaricação.
O primeiro-ministro sabia que estava sob escuta?
De acordo com o jornal Observador, Costa diz desconhecer as escutas, acrescentando que não comenta processos que garante desconhecer "em absoluto".
No entanto, há indícios de que o chefe do Governo saberia que estava sob escuta, uma vez que - pelo menos por duas vezes - optou por encontros pessoais com Matos Fernandes, para não terem de falar ao telefone sobre os negócios do lítio e do hidrogénio.
Estas escutas que envolvem o primeiro-ministro constam da certidão enviada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) ao Ministério Público e foram validadas por dois juízes do Supremo Tribunal de Justiça.