Um enfermeiro filmou utentes "sem consentimento ou conhecimento" no Hospital de Abrantes há "cerca de três anos", enquanto cometia "atos absolutamente condenáveis sobre doentes especialmente vulneráveis". A Unidade Local de Saúde do Médio Tejo expôs o caso esta quinta-feira e anunciou a suspensão do profissionais de saúde identificado, assim como a formalização de uma queixa na justiça.
Segundo a ULS Médio Tejo, o Conselho de Administração recebeu uma denúncia anónima na noite de quarta-feira. O email continha "diversos ficheiros que contêm filmagens vídeo ilícitas, sem consentimento ou conhecimento dos utente, que desconhecem estar a ser captados".
"Nessas filmagens são perpetrados atos absolutamente condenáveis sobre doentes especialmente vulneráveis, que colocam em causa o respeito e dignidade pela pessoa humana e a deontologia inerente à nobre missão da prestação de cuidados de saúde", acusa a administração da Unidade Local de Saúde, que se diz "profundamente chocado e consternado com o teor destas filmagens".
Os vídeos terão sido gravados "há pelo menos três anos", em "vários locais de trabalho e internamento da Unidade Hospitalar de Abrantes". O enfermeiro identificado nas imagens, "associado a estas atos criminosos", foi suspenso imediatamente e é agora alvo de um processo disciplinar "com vista ao despedimento, dando conhecimento da abertura deste procedimento à Ordem dos Enfermeiros".
A administração da ULS Médio Tejo assegurou ainda que entregou "todo o material rececionado ao Ministério Público", e que formalizou uma "queixa junto das entidades judiciais competentes".
"A instituição está já a trabalhar ativamente para identificar os utentes que foram vítimas destes atos absolutamente inaceitáveis captados nos vídeos. O Conselho de Administração da ULS Médio Tejo está empenhado, igualmente, em assegurar todo o apoio necessário às vítimas e às suas famílias", indicaram os responsáveis.