O Presidente da República insistiu que os portugueses têm de conhecer rapidamente a verdade sobre o caso de Tancos e ver "a luz ao fundo do túnel", mas ressalvou que respeita a autonomia do Ministério Público.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava em resposta aos jornalistas, após um passeio de elétrico em Lisboa com os reis dos belgas, reiterou a afirmação que fez no sábado à agência Lusa de que desconhecia os factos relacionados com a recuperação do material militar desaparecido do paiol de Tancos.
Questionado se em nenhum momento foi informado de um memorando sobre as circunstâncias da recuperação do material, respondeu: "Eu vim a saber desses factos como todos os portugueses, agora, quando eles apareceram".
"O que aconteceu nas últimas semanas não altera em nada aquilo que é a preocupação fundamental, que é: os portugueses têm de saber o que aconteceu com o desaparecimento das armas, quem foi, como, porquê, de que maneira, com que destino, e depois como é que foram recuperadas", defendeu.
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas acentuou, quanto ao apuramento de factos e responsáveis: "Desde sempre acreditei muito na investigação criminal".
"E por isso é que eu disse na resposta à Lusa: espero que, o mais rápido possível, se chegue a conclusões, respeitando a autonomia do Ministério Público", acrescentou.
Escusando-se a definir um calendário, por respeito à autonomia das autoridades judiciárias, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que é importante que o processo seja concluído "o mais rápido possível, para que os portugueses não tenham a sensação de que passa um ano, passa um ano e meio, passam dois anos e, numa matéria fundamental, não veem, para usar uma expressão diferente, a luz ao fundo do túnel".
Segundo o Presidente da República, no entanto, "seria muito insensato neste momento dizer mais" sobre a evolução deste processo judicial, para além de "solicitar a maior rapidez no avanço e na conclusão da investigação".
"Porque é muito importante, como eu disse, para o Estado de direito e para o prestígio das Forças Armadas. Respeito os prazos próprios do Ministério Público", frisou.
Quanto à afirmação que fez à agência Lusa de que não sabia nem sabe "os factos que ocorreram e as inerentes responsabilidades" e de continua a exigir o esclarecimento de "toda a verdade, doa a quem doer", justificou: "Perguntaram-me e eu achei que era importante reafirmar aquilo que considero fundamental".
"É que não desapareceu a prioridade quanto à descoberta daquilo que está em causa em Tancos. Para que não haja dúvidas, eu insistia, insisto e insistirei, sempre que possível", completou o Presidente da República.
Interrogado se considera que a saída do general Rovisco Duarte das funções de Chefe do Estado-Maior do Exército contribui para a credibilização das Forças Armadas, o chefe de Estado não respondeu diretamente à questão.
"Eu sempre entendi que as Forças Armadas são uma instituição estruturante na sociedade portuguesa e no Estado de direito. Falei nisso no 05 de Outubro, já tinha falado no 25 de Abril, já tinha falado no 10 de Junho. Em cada ocasião falo nisso. E uma das componentes fundamentais é, naturalmente, a unidade, a coesão e, ao mesmo tempo, a compreensão pela sociedade portuguesa do papel fundamental das Forças Armadas", declarou.