Nas notícias vindas a público nas últimas horas um dos padres suspeitos, no Patriarcado de Lisboa, terá abusado de jovens escuteiros, que denunciaram o caso aos superiores, nos anos 90.
O Corpo Nacional de Escutas (CNE) não tem registo do que se passou, até porque as regras que havia na altura não eram as de hoje, mas Paulo Pinto, chefe nacional adjunto do CNE manifesta, em declarações à Renascença, total disponibilidade do movimento para colaborar com as autoridades, caso seja necessário.
“Não temos esses dados, mas pela notícia conseguimos identificar. Neste caso os nossos escuteiros foram proativos, e tentaram denunciar o caso”, sublinha o responsável, garantindo total disponibilidade para esclarecer o que for preciso.
“O CNE está comprometido em apoiar todas as vítimas do presente e do passado, e estamos inteiramente disponíveis para continuarmos a colaborar com as autoridades civis e eclesiais para apurar toda a verdade e reparar os danos causados por essas situações.”
No caso agora noticiado pelo Expresso, os escuteiros eram um dos alvos principais do suspeito de abusos, com queixas relatadas até 2013/2014. Segundo o jornal, em 2020 o padre solicitou dispensa de todas as obrigações sacerdotais na Igreja católica, e integra atualmente a Igreja evangélica.
À Renascença, o chefe nacional adjunto do CNE garante que o movimento escutista é seguro, e desde 2016 que tem um sistema preventivo próprio, com formação regular.
“Estamos cada vez mais confiantes de que somos uma associação segura no que toca à proteção de crianças e jovens, tendo em conta os mecanismos que temos hoje disponíveis na associação. Temos um sistema próprio que denominamos ‘Escutismo: Movimento Seguro’, que alberga três áreas de ação: uma área de reporte, uma de formação para os adultos e uma área de trabalho com as crianças e os jovens. Isso já tem um caminho percorrido, cada vez está mais consolidado, e sentimos que somos uma associação cada vez mais segura para as nossas crianças e para os nossos jovens.”
Paulo Pinto garante que esta é uma preocupação permanente no movimento escutista, e que dá como exemplo a formação que tiveram de fazer antes do acampamento nacional (ACANAC), que está a decorrer até domingo em Idanha a Nova, e onde estão 18.500 escuteiros de todo o país.
“Um adulto, para participar, teve de fazer a formação ‘acampamento seguro’. Em campo temos um conjunto de equipas preparadas para atuar caso algo aconteça durante o processo de acampamento, mais toda a formação do ponto de vista do ‘Escutismo: Movimento Seguro’, por isso acho que nos preparamos cada vez mais para grandes atividades, para o nosso trabalho quotidiano com as nossas crianças e com os nossos jovens, e para que os jovens também percebam do que estamos a falar, o que é um abuso e como é que se deve reagir caso isso aconteça”, sublinha aquele responsável.