O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, defende que as suspeitas que recaem sobre José Sócrates, principal arguido da Operação Marquês, põe em causa os fundamentos da vida democrática e rompem “laços de confiança”.
“É evidente que há um rompimento de laços de confiança quando há factos fundamentais de que alguém que foi primeiro-ministro recebeu avultadas quantias financeiras. Ao contrário do que era dito, não resultavam de fortuna pessoal ou familiar. Sem qualquer justificação aparente, que o próprio não dá e entendeu não dar durante todos estes anos”, disse no habitual espaço de comentário na TVI24.
Para Medina, que esta terça-feira rompeu aquela que tem sido a regra de silêncio dentro do PS sobre este caso, a ausência de explicações de Sócrates, “corrói a nossa vida democrática”.
Fernando Medina, que exerceu funções como secretário de Estado nos dois governos de José Sócrates, acrescenta que o crime de branqueamento de capitais, pelo qual o antigo primeiro-ministro irá a julgamento tem “uma moldura penal” que põe e causa a “suprema responsabilidade” inerente ao cargo de primeiro-ministro e a confiança “das pessoas que votaram e dos milhares que o apoiaram diretamente”, podendo dar origem a um “profundo sentimento de desconfiança na sociedade portuguesa e descrença na relação entre eleitores e eleitos”.