O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) concorda com a entrada do ministro das Finanças nas negociações para resolver o impasse no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
É a resposta de Jorge Roque da Cunha à sugestão feita na Renascença pelo ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
António Lacerda Sales defende que a negociação não deve ser um exclusivo do Ministério da Saúde e sugerindo o envolvimento de Fernando Medina nas reuniões entre Manuel Pizarro e os sindicatos dos médicos.
“Estamos a ver o Ministério da Saúde muito preso ao fascínio que o Dr. Medina tem, quando atravessa os corredores de Bruxelas e anuncia um superavit nas contas públicas”, alerta o secretário-geral do SIM.
Roque da Cunha argumenta que "os portugueses pagam impostos como nunca tiveram e têm acesso aos cuidados de saúde, de tal maneira debilitados, como nunca tiveram e, por isso, seria importante [Fernando Medina envolver-se nas negociações]… era uma forma de o ministro das Finanças poder respaldar o ministro da Saúde”.
Ainda sem um acordo à vista com o Governo, para garantir a previsibilidade dos serviços de saúde, os médicos voltam na próxima quarta-feira ao Ministério da Saúde.
Entrevistado pela Renascença, Roque da Cunha diz não ter grandes expetativas quanto à assinatura de um entendimento entre as partes, lembrando que "este arrastamento de facto não faz qualquer sentido, até porque a proposta em relação ao salário base, apresentada pela Ministério da Saúde, tem-se mantido imutável ao longo destes meses”.
O sindicalista acusa o Governo, “que está no poder há 8 anos, de não ter arranjado forma de criar condições para que os médicos fiquem no Serviço Nacional de Saúde e para que se contratem médicos para o Serviço Nacional de Saúde”.
Uma “incapacidade” que, para o dirigente do SIM, "resultou naquilo que vemos hoje... por isso, se não houver um acordo, a situação irá piorar em vez de melhorar”.
Atualmente, mais de 30 hospitais do SNS enfrentam constrangimentos e encerramentos temporários de serviços, por causa da dificuldade em completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2.500 escusas ao trabalho extraordinário por parte dos clínicos, que recusam fazer mais do que das 150 horas anuais obrigatórias.
A crise levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês de novembro poderá ser dramático, se o Governo e os sindicatos médicos não chegarem a um acordo.