É preciso uma gestão mais eficiente dos fundos na agricultura, alerta o secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP). Para Luís Mira, a falta de investimento público é o principal constrangimento no setor.
“Há uma falta de investimento público e comunitário nos últimos anos que é fruto de uma utilização deficiente das verbas que são colocadas á disposição”, aponta o líder da CAP, em declarações à Renascença.
A gestão dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é um dos exemplos que, segundo Luís Mira, “ao contrário do que Espanha e outros países fizeram, não alavancou o investimento na agricultura”.
No entanto, o responsável da CAP recusa traçar um cenário negativo da agricultura em Portugal com base nos dados revelados, esta terça-feira, pela Pordata.
“Temos de fazer uma interpretação realista do estudo”, alerta. “Parece que o setor agrícola declinou nos últimos 30 anos e isso não é verdade. Só nos últimos 10 anos aumentamos em 50% em exportações”, realça.
Ainda de acordo com o estudo feito pela base estatística, o rendimento no setor agrícola foi de 3,5 mil milhões de euros, cerca de metade da riqueza gerada no início dos anos 80. Mas, Luís Mira lembra que” só o vinho e as frutas” chegaram no ano passado a esse valor em exportações.
“Não é um setor que está pior do que estava”, garante o responsável, que lembra que os dados apresentados pela Pordata deixam de fora a riqueza gerada através do setor das florestas, a da transformação. “Não são contabilizados nem o vinho ou o azeite da garrafa”, aponta.
Para além da diminuição da riqueza, a agricultura também perdeu trabalhadores. De acordo com o estudo da Pordata, quase um milhão de pessoas abandonaram o setor nos últimos 30 anos.