A mão que Francisco estendeu a Barack Obama e que vai hoje estender aos políticos desta potência mundial é a mesma mão que tem, nestes dias, acariciado dezenas de crianças, idosos e doentes norte-americanos. É a mesma mão que acena pela janela aberta do vulnerável carro utilitário - uma mão “já velha e enrugada, mas, por graça de Deus, ainda capaz de sustentar e encorajar”, como referiu o próprio Francisco no discurso aos bispos.
Para quem nunca tinha vindo a este país e diz que a língua inglesa não é o seu forte, o primeiro Papa americano reconhece que “aqui não se sente um estrangeiro”, porque “na sua velhice, foi chamado por Deus, de uma terra que também é americana”. E, como americano que é, “como um irmão deste país” (discurso na Casa Branca), o seu maior desejo é que “o Papa não seja um mero nome pronunciado rotineiramente, mas uma companhia palpável”. Por isso, desde as primeiras horas nos EUA, Francisco está a marcar pontos, ou seja, é, de facto, um companheiro de caminho.
É também disto que se trata quando o vice-presidente Joe Biden, o Secretário de Estado John Kerry e o líder da oposição Joe Boehner apertarem “a mão velha e enrugada” do Papa, o primeiro que entra oficialmente no Congresso dos EUA para “transmitir palavras de encorajamento” aos responsáveis pelo futuro político da nação. Mas, independentemente do que Francisco possa vir a dizer - e apesar das divisões entre democratas e republicanos -, os políticos dos EUA, pelo simples facto de o terem convidado, já reconheceram neste seu “irmão mais velho” um coração dilatado e cheio de esperança, que deseja “incluir todos” no seu abraço de Papa.