Os Estados-membros da União Europeia e o executivo comunitário vão passar a reunir-se todas as quartas-feiras para preparar uma linha de prevenção e contenção do novo coronavírus.
O anúncio é feito nesta quarta-feira pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus.
“Os Estados-membros estão a trabalhar com a Comissão Europeia para preparar uma linha de prevenção e contenção”, afirmou Ana Paula Zacarias na comissão parlamentar dos Assuntos Europeus, onde decorre a audição regimental do ministro dos Negócios Estrangeiros.
A secretária de Estado lembrou que a União Europeia já disponibilizou um primeiro pacote financeiro para dedicar à prevenção da transmissão do novo coronavírus: “232 milhões de euros – 114 dos quais serão [canalizados] para a Organização Mundial de Saúde, 15 milhões para o Instituto Pasteur, em África, 100 milhões para investigação de uma terapia e três milhões para o mecanismo de proteção que organiza voos de repatriamento dos cidadãos infetados”, explicou.
Ana Paula Zacarias referiu também que a evolução do Covid-19 poderá levar a “um impacto económico muito importante no comércio”.
OMS apela à calma
O número de casos registados no mundo aumentou nesta quarta-feira para 80.988 em 33 países, mas tal não significa que tenhamos de entrar em pânico, afirma o diretor da Organização Mundial da Saúde na Europa, Hans Kluge.
"De facto, não há necessidade de pânico", afirmou numa conferência de imprensa em Roma. "Lembrem-se de que quatro em cada cinco pacientes apresentam sintomas leves e que recuperam", sublinhou, acrescentando que a taxa de mortalidade é de cerca de 2% – e agora de 1% na China, que possui 96,5% dos casos globais.
Para aumentar a resposta à propagação do Covid-19 na Europa, Kluge anunciou uma maior cooperação com todas as regiões de Itália.
Numa outra conferência de imprensa, o diretor-geral da OMS considerou nesta quarta-feira “profundamente preocupante” o aumento repentino de casos – não só em Itália, como no Irão e na Coreia do Sul, com novos casos no Brasil, na Grécia e em Espanha – mas considera que o vírus ainda pode ser contido e não chega a ser uma pandemia.
"Usar a palavra pandemia de forma descuidada não traz benefícios tangíveis, mas sim um risco significativo em termos de amplificação de medo e do estigma, dois fatores desnecessários e injustificados, além de paralisantes”, avisou Tedros Adhanom Ghebreyesus em Genebra.
“Pode também dar a entender que já não conseguimos conter o vírus, o que não é verdade”, sublinhou.
Tedros Adhanom anunciou a deslocação de uma missão da OMS ao Irão durante o fim de semana, para avaliar a situação.
Lavar as mãos com frequência é a melhor proteção
O conselho para lavar as mãos foi repetido nesta quarta-feira pela diretora de saúde pública da OMS.
Na opinião de Maria Neira é "irracional e desproporcionado" que se esgotem as máscaras e os desinfetantes nas farmácias por medo do coronavírus. As máscaras são para uso do pessoal de saúde, defendeu em declarações à emissora espanhola RAC-1.
O facto de se esgotarem máscaras e gel desinfetante decorre do "medo e angústia das pessoas", o que deve ser evitado, afirmou.
Maria Neira sublinhou ainda a diminuição de vítimas e casos confirmados na China, o que "poderá significar que a epidemia já atingiu o pico epidémico".
No resto do mundo, notou também, o vírus circula, mas em quantidades muito pequenas, sendo que os casos têm uma sintomatologia entre "leve e moderada", semelhante a uma gripe sazonal.
"Oitenta por cento das pessoas que estão em contacto com o vírus não desenvolvem qualquer sintomatologia. Cerca de 15% terá uma sintomatologia leve a moderada. Entre 4% a 5% requer assistência clínica mais sofisticada", indicou a especialista.
O balanço mais atual da epidemia de Covid-19 é de pouco mais de 81 mil casos em todo o mundo (78 mil na China), 30.358 dos quais já recuperaram. O número de vítimas mortais está 2.770 (2.715 dos quais na China continental).
Na Europa, é Itália que regista mais casos: 374 casos confirmados e 12 mortes. Em França, são já 17 as pessoas infetadas, duas das quais morreram. E Espanha (contando com as ilhas Canárias) já conta com 12 casos, sem vítimas mortais.
Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises. Nesta quarta-feira, uma outra mulher regressada de Milão foi internada no Hospital de São João, no Porto, com sintomas de novo coronavírus. É o 18.º caso suspeito.
O único português infetado pelo Covid-19 é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki.