Durão Barroso perde privilégios de ex-presidente da Comissão
11-09-2016 - 22:34

O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, quer que Barroso seja recebido em Bruxelas, “não como antigo presidente, mas como um representante de um interesse sujeito às mesmas regras dos lobistas”.

José Manuel Durão Barroso vai tornar-se no primeiro ex-presidente da Comissão Europeia a perder privilégios da chamada "passadeira vermelha". Em causa está o novo cargo que Barroso vai assumir no banco Goldman Sachs, que levanta dúvidas ao executivo comunitário.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, o actual presidente da comissão, Jean-Claude Juncker, quer que Barroso seja recebido em Bruxelas, “não como antigo presidente, mas como um representante de um interesse sujeito às mesmas regras dos lobistas”.

A partir de agora, em quaisquer contactos futuros, será recebido como um "representante de interesses" e qualquer comissário europeu ou funcionário da União Europeia que mantiver contactos com Durão Barroso será obrigado a registar esses contactos e a manter notas sobre os mesmos.

Esta decisão de Juncker responde à provedora de justiça europeia, Emily O'Reilly, que na semana passada pediu esclarecimentos sobre a posição da Comissão Europeia face à nomeação de Durão Barroso para administrador não-executivo na Goldman Sachs Internacional (GSI).

O'Reilly escreveu a Jean-Claude Juncker, pedindo-lhe que clarificasse a posição do executivo comunitário face à nomeação do seu antecessor e interrogando a Comissão sobre que medidas tomou para verificar se a nomeação está conforme com as obrigações éticas estipuladas.

A provedora europeia quis ainda saber se Juncker pediu ou tenciona pedir um parecer ao Comité de Ética 'ad hoc' da Comissão Europeia, e se esta tenciona rever o código de conduta dos comissários.

Na sua qualidade de ex-presidente da Comissão Europeia, assim como ex-primeiro-ministro de um estado-membro, Durão Barroso teria o direito a um "tratamento VIP" pelos líderes e instituições europeias em Bruxelas.

Juncker estará a examinar o contrato de trabalho de Durão Barroso no Goldman Sachs.