O governo do Iraque festejou ontem a tomada da cidade de Mossul, no seu território, por forças da coligação apoiada pelos EUA, cujos jactos bombardearam muitas posições do “Estado Islâmico” (EI). Estado que fora proclamado pelo líder dos terroristas em Mossul há três anos.
Raqqa, na Síria, é outra cidade capturada pelo EI, que poderá ter que abandoná-la em breve. O ameaçador projecto de um Estado abertamente terrorista – um “califado” – parece, agora, pelo menos adiado pelos radicais islâmicos.
É sem dúvida uma boa notícia a perda de território pelos jihadistas. Mas não se pode esquecer o agravamento da crise humanitária. O custo em vidas humanas da expulsão do EI de Mossul é assustador, até porque os radicais usaram civis como escudo. E grande parte da cidade está destruída.
Depois, embora com um território exíguo, o EI ainda domina algumas cidades, sobretudo na província iraquiana de Anbar. E a perda de território leva os terroristas a multiplicar atentados – a começar por Mossul, onde mulheres suicidas continuam a matar civis, e incluindo a Europa. Note-se que o EI tem “filiais” na Líbia, Egipto, Iémen, Nigéria e Filipinas.
Por outro lado, nada indica que o débil governo iraquiano possa chegar a acordo com os curdos, que controlam o Norte do país, têm sido decisivos no combate ao EI e aspiram à independência – por muito que isso incomode a Turquia.
Será que um EI sem território significativo terá menos capacidade para atrair combatentes? Não sabemos. Mas o EI mantém uma grande capacidade de fazer a sua propaganda na internet.
A paz naquela zona ainda está longe, apesar do cessar-fogo parcial no Sul da Síria negociado por Trump e Putin em Hamburgo.