D. José Tolentino Mendonça evocou esta sexta-feira a pensadora Simone Weil, numa conferência em que se assinalou os 50 anos da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
O título da intervenção do arcebispo, que é atualmente responsável pela biblioteca e o arquivo da Santa Sé, era “sobre o estudo como meio de cultivar o amor de Deus” e foi recheado de passagens da pensadora que morreu ainda jovem, em 1942.
“Há grandes textos que encontramos na vida e que não devem pacificar-nos”, lembrou Tolentino, que enunciou quatro pontos sobre o valor do estudo e a “alegria de aprender, tão indispensável, como o respirar para os atletas”.
O primeiro ponto, disse, é treinar a atenção, independentemente das disciplinas, pois “todas levam a reconhecer a grandeza e o amor de Deus”. Quanto mais atenção se dedica a uma matéria, sugeriu D. Tolentino, mais capacidade se tem para captar as outras.
Em segundo lugar, torna-se necessário “encarar os estudos escolares como um caminho de santidade”, pois “Simone Weil via uma inseparável ligação entre o estudo e a oração”.
O terceiro ponto evocado pelo arcebispo, que aquando da sua nomeação era diretor da Faculdade de Teologia, é “deixar que a inteligência se deixe conduzir, não pela vontade, mas pelo desejo”, porque “o desejo orientado para Deus é a única força capaz de elevar a alma”. Para D. Tolentino, “mais importante do que a busca, é a expectativa”, pois esta implica “vigilância e atenção”.
O quarto ponto reforça a importância da atenção ao outro, pois “é semelhante ao amor a Deus”, só que é muito difícil prestar atenção à nossa volta, mantendo viva esta postura de Simone Weil, tão desafiante, disse.
No final, ainda houve tempo para citar o Papa Francisco e a sua insistência constante aos universitários para não perderem a esperança.
O bibliotecário e arquivista da Santa Sé fez questão de trazer um presente para assinalar o aniversário da faculdade. “No primeiro dia em que tomei posse do arquivo, ofereceram-me um presente, mas é claro que, no primeiro dia, esses presentes não são nossos, ainda não fizemos nada para merecer o presente. São aqueles de onde viemos que devem ser premiados, porque eles é que nos fizeram”, disse o bispo.
D. José Tolentino ofereceu à Faculdade de Teologia “uma peça muito simbólica e preciosa do ponto de vista bibliográfico”. Trata-se do fac-simile da bula do Papa João XXIII que convoca o Concílio Vaticano II e que também “inspira a fundação desta Faculdade de Teologia”, disse.