O Bloco de Esquerda (BE) quer explicações da ministra do Trabalho e da Segurança Social na sequência de denúncias enviadas ao grupo parlamentar de que, nas últimas semanas, "várias pessoas vulneráveis" que vivem em quartos arrendados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e por outras entidades "estão a ser expulsas" para que os espaços possam ser alugados para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
No requerimento do Bloco de Esquerda a que a Renascença teve acesso, é referido que há um "número muito elevado" de pessoas nesta situação e que estão sujeitas condições de saúde "muito precárias" e sem "condições económicas para encontrar outras soluções".
É feito o apelo para que o Governo e a autarquia de Lisboa atuem sobre esta situação, avisando que "estas pessoas irão ficar sem teto durante a JMJ e terão muito mais dificuldade em encontrar um quarto depois da iniciativa", que irá decorrer entre 1 e 6 de agosto.
No mesmo texto o BE junta outra situação, a de "vários estudantes, nomeadamente pessoas estrangeiras" que, alegadamente, "estão a ser despejados durante a JMJ, sendo que muitos não estão a encontrar alternativa".
Nem no caso das "pessoas vulneráveis", nem no dos "vários estudantes" em causa é referido no requerimento onde exatamente decorrem estas situações de despejo, a propósito da realização da jornada.
Os bloquistas questionam o Ministério de Ana Mendes Godinho com três perguntas: se o Governo tem conhecimento desta situação, quantas pessoas se encontram sujeitas a despejos e que medidas estão a ser tomadas para que "estas pessoas não passem a estar em condição de sem teto por causa da JMJ?".Contactada pela Renascença, a Santa Casa da Misericórdia garante que as denúncias não têm qualquer fundamento.
Acrescenta que, como medida preventiva, até antecipou o pagamento dos quartos das pensões com quem trabalha, até 2 de agosto, para evitar eventuais despejos.