Não há, para já, pedidos de repatriamento de portugueses a viver em Moçambique, apesar da violência que se vive no país desde a divulgações dos resultados das eleições presidenciais de outubro, e que terá resultado na morte de mais de 250 pessoas. A informação foi confirmada à Renascença esta sexta-feira por fonte diplomática.
O mesmo é dito pelo presidente da Associação Portuguesa de Moçambique, Alexandre Costa, que aponta que “nenhuma pessoa, que eu tenha conhecimento e que se tenha manifestado, pediu algum repatriamento”.
“O repatriamento acontece quando não existem voos comerciais. E os voos comerciais não foram cancelados, ainda hoje está a sair um voo de Lisboa para Maputo, amanhã de Maputo para Lisboa, e por isso não há razão nenhuma para haver um voo de repatriamento”, explica o representante da comunidade portuguesa.
Alexandre Costa lembra que a maior parte dos incidentes têm acontecido na periferia de Maputo, mas fala num sentimento de “preocupação” que leva os portugueses a questionar “o que é que se pode fazer” se “isto escalar para uma situação incontrolável”.
O presidente da Associação Portuguesa de Moçambique garante que tem havido contacto constante das autoridades diplomáticas portuguesas com a comunidade no país, dando indicações para “dar a conhecer ao consulado onde estão, qual é a sua morada, quais são os seus contactos para que, em caso de necessidade, o consultado possa chegar a cada cidadão”.
Cerca de 1.100 quilómetros a norte da capital, na cidade da Beira, também já se testemunharam momentos de tensão, mas “nada comparado com aquilo que se passa em Maputo”, segundo o empresário português Luís Leonor.
“Tivemos alguns tumultos na segunda-feira, na terça-feira de manhã, manifestações, invasões de algumas empresas, na quarta-feira foi dia de Natal, as coisas já estavam a voltar ao seu normal, já se estava a começar a limpar e já se conseguia circular, e desde ontem a cidade está funcionar já numa aparente normalidade”, descreve o português à Renascença.
Luís Leonor também não tem conhecimento de pedidos de repatriamento por portugueses naquela região, dizendo que “está muita gente fora” por ser período de férias e que os voos continuam a operar normalmente – tanto os da TAP como os da LAM, e ainda os da Ethiopian Airlines. “Eu acredito que isto vai acabar por se resolver e que vamos todos continuar a viver em Moçambique”, diz.
Mais de 250 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro - metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira, segundo os balanços feitos pela plataforma eleitoral Decide.