O Ministério Público constituiu novos arguidos pelo crime de omissão de auxílio ao cidadão ucraniano, que morreu no aeroporto de Lisboa no ano passado.
O jornal Público escreve que a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a existência de mais cinco arguidos no âmbito de um inquérito instaurado em 2020 e que está em segredo de justiça e sublinha que "ainda não foi proferido despacho de acusação".
Os arguidos serão seguranças da empresa Prestibel e "são suspeitos numa investigação que está em segredo de justiça e que decorre do despacho de acusação feito a 30 de setembro do ano passado contra os três inspetores do SEF".
"Na altura, o Ministério Público optou por levar a julgamento apenas os três inspetores, mas logo no despacho de acusação pediu a extração de certidão para averiguar a prática de outros crimes, nomeadamente falsificação de documento, e a responsabilidade de mais intervenientes", acrescenta. Diz ainda que esta foi "uma opção criticada pela defesa dos arguidos" que "sempre tentou implicar seguranças e outros inspetores nos acontecimentos e considerava que não deveriam estar no banco dos réus apenas os três inspetores".
A 15 de julho "a procuradora que acompanhou o julgamento, Leonor Machado, mandou extrair certidão e proceder criminalmente contra mais sete pessoas, três inspetores do SEF (António Sérgio Henriques, na altura diretor de Fronteiras do SEF, João Agostinho, inspetor coordenador, e João Diogo, inspetor-chefe) e quatro seguranças (Manuel Correia, Paulo Marcelo, Jorge Pimenta e Rui Rebelo) - todos por omissão de auxílio, mas os dois primeiros seguranças também por ofensas à integridade física grave".
Já o Diário de Notícias fala em mais quatro arguidos por exercício ilegal de segurança privada.
O jornal cita um relatório do IGAI que fala em seguranças em “autogestão” e com funções de “autoridade pública”.
Estas informações surgem depois de três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) terem sido condenados a 10 de maio deste ano pela morte de Ihor Homenyuk, no centro do aeroporto, a 12 de março de 2020.
Num relatório do ano passado sobre o caso, a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) "sugeriu 12 processos disciplinares a funcionários do SEF, entre eles os três que a procuradora quer agora investigar, e censurou a conduta dos seguranças - sobre quem a IGAI não tem competência disciplinar".