A Igreja Católica não aprova o ato, mas pede misericórdia e compaixão para a mãe suspeita de abandonar o filho recém-nascido num caixote do lixo, em Lisboa. O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade, D. José Traquina, defende que a mulher não foi a única a falhar neste caso.
“Uma pessoa que tem uma atitude destas não está bem, é contranatura. Peço que se tenha em conta a perturbação e o desespero em que se pode encontrar uma pessoa que toma uma atitude destas. Claro que não aprovamos o ato, mas que haja misericórdia e compaixão”, defende D. José Traquina em declarações à Renascença.
À margem da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorre em Fátima, o bispo de Santarém considera que este caso evidência falhas a vários níveis.
“Com certeza que alguma coisa falhou. Falharam os apoios, falharam vários aspetos para que uma pessoa se sinta feliz neste mundo, para ter uma vida diferente, para face ao nascimento de uma criança ter uma atitude diferente.”
D. José Traquina pede que “não se culpabilize” apenas esta mãe sem-abrigo, que agora se encontra em prisão preventiva. “A pessoa não é a culpada sozinha da situação a que chegou”, sublinha.
Este caso deve levar a sociedade a refletir e representa um “apelo à nossa responsabilidade social com as pessoas que vivem na nossa proximidade”.
“Todo o apoio que se possa fazer de uma forma pessoal ou organizada é bom para que estas situação não aconteçam ou se repitam”, refere D. José Traquina.
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade respeita a decisão do juiz, mas considera que “não seria necessário” aplicar a prisão preventiva.