Chefes da guarda prisional em greve por uma carreira mais atrativa
19-12-2023 - 07:45
 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

Paralisação pode provocar constrangimentos às visitas nas cadeias portuguesas.

A Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional (ASCCGP) agendou para esta terça-feira uma greve a todo o trabalho, exigindo, entre outras reivindicações, a apresentação de medidas para tornar a carreira mais atrativa.

Em consequência desta paralisação, e numa época em que aumenta o número de visitas aos detidos nos estabelecimentos prisionais, poderá haver constrangimentos nas visitas aos detidos nas cadeias portuguesas. Um cenário admitido pelo presidente da Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional.

Em declarações à Renascença, Hermínio Barradas lembra que sem serviços mínimos, os estabelecimentos prisionais poderão ficar sem chefias.

“Não há serviços mínimos de meios, o que poderá acontecer nós não sabemos. O que sabemos é que os estabelecimentos prisionais vão ficar sem chefes. Pode acontecer tudo e pode não acontecer nada. O que é certo é que os chefes é que decidem e que orientam o ‘staf’ para as visitas o que poderá acontecer é demorarem mais na sua entrada, ou seja, depois o tempo de visita efetivo, será menor”, antecipa.

A Associação Sindical espera uma adesão significativa a este protesto lembrando que “na última greve foi acima dos 80% e em 12 estabelecimentos foi de 100%, ou seja, estiveram 24 horas sem um único chefe”.

“Desta vez, até temos uma expectativa que que seja mais, porque temos tido contactos de chefes que não são associados da associação de chefes e que manifestaram já vontade de aderir”, diz Hermínio Barradas.

Os chefes da Guarda Prisional exigem medidas que tornem a carreira mais atrativa e acusam o Governo de inércia.

Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação Sindical de Chefias do Corpo da Guarda Prisional sublinha a crescente escassez de guardas prisionais para cumprir as escalas de serviço nas cadeias portuguesas.

“As razões prendem-se com o incrementar da incapacidade e da inércia do Governo em resolver objetivamente os problemas do sistema prisional”, diz Hermínio Barradas, lembrando que estão “com um grande défice de elementos e de chefes já é gritante”.

“As estruturas físicas, as viaturas, os problemas crónicos, que se arrastam há duas décadas e meia, mas o que nos está efetivamente a preocupar mais, neste momento, é a inexistência de medidas objetivas que promovam a atratividade da profissão para a sociedade civil. Não concorre ninguém para guarda prisional e estamos a ver isto com muita preocupação, porque nós é que estamos a trabalhar no terreno”, acrescenta.