O PCP considera que iniciar as comemorações do 50º aniversário do 25 de Abril através de uma data que é um “simbolismo entre a duração do anterior e atual 'regime'” é querer, “disfarçadamente, esvaziar” a revolução.
Em comunicado, os comunistas insurgiram-se contra o início das comemorações oficiais do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos na quarta-feira, 23 de março. No dia seguinte, 24 de março de 2022, o tempo da democracia portuguesa ultrapassa, em um dia, a duração da ditadura.
Para o PCP, “lançar as comemorações oficiais dos 50 anos da Revolução de Abril em 23 de março de 2022, associando essa data a um simbolismo entre a duração do anterior e do atual 'regime'” é procurar, “ainda que disfarçadamente, esvaziar a revolução de 1974 do que ela constitui de profundas transformações democráticas”.
Os comunistas sustentaram que o 25 de Abril “não foi o processo de transição entre 'regimes' a que os seus detratores a quiseram e querem reduzir”, advogando que há uma “permanente tentativa de falsificação do que representou”.
“Quando se salienta que passam já mais anos desde o 25 de Abril de 1974 do que o tempo que durou o regime fascista, assinala-se hoje uma realidade que se contrapõe aos tempos negros do fascismo. Mas importa sublinhar que se a realidade de Portugal hoje continua a ter a marca da Revolução de Abril, de muitas das suas conquistas, que o grande capital não conseguiu destruir, tem também a marca do processo contrarrevolucionário e dos graves problemas que gerou”, defendeu o partido.
O PCP também apelou a “todos os que se identificam com as conquistas, direitos e valores” do 25 de Abril “se associem e participem nas comemorações populares que, um pouco por todo o país, estão em preparação e terão lugar” por ocasião do 48.º aniversário da revolução.
O partido pediu que as comemorações sejam “uma afirmação dos valores” do 25 de Abril e anunciou que “terá a sua intervenção própria nas comemorações sob o lema 'Abril é mais Futuro'”.
Os 48 anos da Revolução dos Cravos, prosseguiu o PCP, são um momento para recordar a luta “pela liberdade e a democracia, contra a ditadura fascista, e, simultaneamente, de exigência de uma política e de um rumo que responda aos problemas do país e às aspirações” da população.
“A Revolução de Abril foi uma revolução libertadora, com profundas transformações na vida nacional traduzidas em inapagáveis avanços e conquistas que hoje perduram como valores e referências para a construção de um Portugal democrático, desenvolvido e soberano”, completaram os comunistas.
Na quarta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, participam, pelas 17:00, na sessão solene de lançamento das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, no Pátio da Galé, em Lisboa.