O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, concorda com a divulgação, a título excecional, da ata do último Conselho de Estado.
Em causa está o facto de António Costa ter, alegadamente, admitido que solicitou a presença da Procuradora-Geral da República, a 7 de outubro, no Palácio de Belém, para perceber junto de Lucília Gago se estaria a ser um obstáculo à investigação aos arguidos da Operação Influencer.
Versão que o primeiro-ministro se apressou a desmentir, e que, esta semana, foi contraditada por António Lobo Xavier.
Sem se alongar em detalhes, o conselheiro de Estado aproveitou a presença no programa ‘O Princípio da Incerteza’, da CNN Portugal, para sugerir que Costa terá dito que a reunião com a PGR em Belém teria sido por si solicitada.
“Eu acho que as reuniões do Conselho de Estado merecem sempre grande sigilo, mas Lobo Xavier entendeu que deveria repor alguma verdade nesta questão”, assinala Nuno Botelho.
No habitual espaço de comentário aos sábados no programa ‘Manhã, Manhã’, da Renascença, o empresário e jurista diz concordar com a quebra de sigilo por parte do conselheiro de Estado e com a possibilidade de ser divulgada a ata da última reunião do órgão de consulta do Presidente da República, “a bem do bom relacionamento institucional e da não degradação das instituições, seria importante”.
“Estamos a assistir a um período negro da democracia portuguesa, em que de facto parece que ninguém fala a verdade, parece que são todos inimigos, parece que já ninguém tem sentido de Estado e eu penso que a intenção de Lobo Xavier foi fazer um ponto de ordem, trouxe alguma sensatez que parece que falta, de vez em quando”, acrescenta.
Nuno Botelho lamenta o que classifica de "guerrilha política” com mais este episódio de tensão entre Belém e São Bento que pode, no limite, contribuir para uma contaminação do ambiente eleitoral.
E nem os partidos tradicionais deverão escapar a essa tentação: “vai depender, também, de quem venha a sair vencedor nas eleições internas do PS, mas penso que vai ser quase inevitável e vamos acabar por resvalar para uma campanha muito dura e, até, algo baixa, com falta de argumentos, que vai entrar por caminhos que não beneficiam a democracia”.
Norte da semana
Museu e Parque Natural das gravuras do Côa. "Já receberam mais de 70 mil visitantes só nos primeiros nove meses do ano. É um valor recorde desde 1998, quando foi criado o parque, e desde 2010, quando foi inaugurado o Museu (…) numa zona tão desertificada como é o vale do Douro, merece uma visita e é de enaltecer o trabalho que está a ser desenvolvido”.
Desnorte da semana
Conflitos sem solução na Ucrânia e no Médio Oriente. “Apesar de agora estarmos a viver uns dias de cessar-fogo mediado pelo Qatar, em troca de reféns que vão ser libertados, há muitas incertezas, muitas dificuldades e vivemos um tempo tenebroso a nível mundial, uma tensão muito grande no ar que não se vivia desde a Guerra Fria”.