Presença de Guterres no BRICS é "apoio escondido" à Rússia, considera Zelensky
28-10-2024 - 15:25
 • Diogo Camilo

Presidente ucraniano diz que "não pode haver neutralidade" entre o agressor e a vítima e critica o posicionamento "pró-russo" de quem esteve na cimeira em Kazan.

Depois de ter recusado a presença de António Guterres na Ucrânia, Volodymyr Zelensky vem agora criticar diretamente o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), considerando a sua presença na cimeira dos BRICS um “apoio escondido” a Vladimir Putin e uma posição “pró-Rússia”.

Em entrevista ao Times of India, o presidente ucraniano defendeu que “ser neutral” significa “estar do lado da Rússia”. “Entre o agressor e a vítima, não pode haver neutralidade. Considero isso um apoio escondido à Rússia”, afirmou, em relação à presença de países na reunião do bloco das principais economias emergentes, em Kazan.

“Aqueles que estiveram na cimeira [dos BRICS] dizem que gostavam de resolver o conflito, mas na minha opinião parecem mais pró-Rússia”, acrescentou Zelensky, que dirigiu ainda palavras diretamente a António Guterres: “Isto não é apenas sobre as Nações Unidas, é sobre muitos países.”

No final da semana passada, Zelensky mostrou o seu desagrado pelo encontro entre Guterres e Putin em Kazan, recusando receber o secretário-geral da ONU em Kiev.

"Depois de Kazan, ele (Guterres) quis vir à Ucrânia, mas o Presidente não confirmou a sua visita" face ao que Zelensky considerou uma humilhação infligida ao direito internacional em Kazan, afirmou um alto funcionário presidencial ucraniano à AFP, sob condição de anonimato.

Na reunião, Guterres defendeu um "cessar-fogo imediato" em Gaza e apelou à paz no Líbano e na Ucrânia.

Devido às suas posições quanto ao conflito no Médio Oriente,o alto responsável das Nações Unidas está banido de Israel, alegadamente por recusar declarar o Hamas como uma organização terrorista e por seguir uma “agenda extremamente anti-Israel e antijudaica".

Antes disso, Israel já o tinha considerado 'persona non grata' por não condenar "inequivocamente" um ataque que o Irão lançou contra Israel.