O Governador do Banco de Portugal não diz quando nem até quanto ainda vão subir as taxas de juro, mas esta tarde admitiu que o pico da subida pode ser atingido este verão. Ou seja, “nos próximos meses”.
São declarações durante a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de maio, em que Mário Centeno avisou também que o “aperto vai manter-se”, pelo menos até 2024, só no próximo ano os juros devem começar a descer.
"Podemos estar a aproximarmo-nos do momento em que a política monetária está, em termos da fixação das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu, no ponto máximo deste ciclo de subidas. A partir daí, as taxas não vão descer instantaneamente nem pouco mais ou menos. A política monetária vai se manter numa posição de aperto durante algum tempo, mas sem subida das taxas. Elas poderão começar a descer em algum momento, durante o ano de 2024".
Mário Centeno volta ainda a sublinhar que “é desejável” que a remuneração dos depósitos bancários continue a subir e considera saudável a concorrência entre a banca e os certificados de aforro do Estado, que têm ficado com muitas poupanças dos portugueses.
"Consideramos que isso faz parte até de uma saudável concorrência que é oferecida a quem poupa, na forma de afetar essas poupanças e de as valorizar. Esperamos e está a acontecer, aliás, com alguma rapidez, o processo de subida das taxas de juro dos depósitos. Pensamos que esse processo não terminou. É desejável que não tenha terminado".
Sobre a prevalência das taxas variáveis no crédito à habitação em Portugal, Centeno admite que não se aproveitou o ciclo de juros historicamente baixos para inverter estes números, agora será difícil encontrar taxas fixas apelativas.
"Neste momento concreto, em que estamos próximos da taxa terminal de um ciclo de politica que monetária que se prevê que ainda possa estar numa situação de aperto durante algum tempo... Confesso que acho que as taxas que os bancos possam oferecer em contratos de taxa fixa possam ser, neste momento, muito apelativas", justifica.
Questionado sobre o recente apelo do Presidente da República, que pediu uma reflexão à banca sobre taxas, prazos e prestações de crédito, Mário Centeno responde com ironia.
"Depois de 45 minutos de uma excelente exposição sobre o estado da estabilidade financeira em Portugal e da forma como ele se interliga nos diferentes setores, esse é o melhor comentário que o Banco de Portugal pode fazer ao que quer que seja", defende.
Declarações durante a apresentação do Relatório de Estabilidade financeira de maio, onde o supervisor aponta vários riscos que decorrem da tensão geopolítica, da inflação ainda persistente e da recente turbulência em alguns mercados internacionais. Entre os riscos à economia está o desemprego, dificuldades de financiamento, aumento dos juros ou incumprimento de famílias e empresas.