O palco do Teatro Bocage, em Lisboa recebe domingo, pelas 21h30 a peça “As Estrangeiras”. A obra foi escrita pelo autor José Luís Peixoto e adaptada e encenada por Clara Passarinho. Em palco está a história de três mulheres
As atrizes Andreia Galvão, Letícia Sá Pinheiro e Juliana Tavares protagonizam a história destas mulheres que em comum têm a língua portuguesa. Em entrevista à Renascença, a encenadora Clara Passarinho explica se “trata da história de Lili, Isabela e Rosário, de três países distintos, Cabo Verde, Brasil e Portugal, que estão a tentar migrar para os Estados Unidos da América”
As três personagens coincidem numa sala de espera. É nesse cenário, enquanto aguardam “por esta resposta tão importante para as suas vidas”, sobre “se realmente vão entrar nos Estados Unidos ou não” que a conversa se dá.
“Acabam por começar a falar e é durante essas conversas que acabam por perceber imensas coisas que as afastam, e que ao mesmo tempo as aproximam. O espetáculo foca-se exatamente nesse diálogo que acontece nessa sala de espera”, indica Carla Passarinho.
As Estrangeiras, escrita em 2016 por José Luís Peixoto, cruza em palco atrizes que, tal como as personagens, têm também elas origens diferentes. “A Letícia Sá Pinheiro dá vida a Rosário, a Andreia Galvão, a Lili e a Juliana Tavares a Isabela. São 3 atrizes dos mesmos sítios onde as personagens são, portanto, a Letícia é portuguesa, a Andreia tem ligações a Cabo Verde e a Juliana é brasileira”, destaca a encenadora.
“Eu queria fazer um processo em que, ao mesmo tempo que pudéssemos explorar estes três países e estas três culturas, as intérpretes fossem também de lá, de modo a tornar o processo também mais real”, indica Clara Passarinho
A obra, explica a encenadora à Renascença, tem várias camadas de reflexão. “Apesar destes três países falarem a língua portuguesa, há uma língua que não é comunicada entre estas três mulheres, e há problemas, e questões que surgem por elas não se entenderem”.
Esta “distância”, como lhe chama Clara Passarinho tem a ver com “a própria linguagem”. “Quando estamos perto uns dos outros vemos que esta aproximação devia ser promovida por uma língua em comum, mas não existe como gostávamos que existisse”, critica Clara Passarinho.