Quatro pacientes que estavam internados nos cuidados intensivos do principal hospital do sul de Gaza morreram por falta de oxigénio, anunciaram as autoridades de saúde locais, que denunciaram o caos provocado pelo ataque israelita àquela unidade.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o hospital estava a ser revistado por tropas israelitas que disseram acreditar que os restos mortais dos reféns sequestrados pelo Hamas possam estar ali localizados.
Os militares ordenaram os mais de 460 funcionários, pacientes e seus familiares a mudarem para um edifício antigo do complexo que não está equipado para tratar doentes, segundo a mesma fonte.
Os quatro pacientes na unidade de cuidados intensivos morreram porque a eletricidade foi cortada, interrompendo o fornecimento de oxigénio.
A operação ocorreu depois de as tropas terem cercado o Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul, por quase uma semana, com funcionários, pacientes e outras pessoas no interior a lutar contra os ataques e com bens escassos, incluindo comida e água.
Horas antes de as tropas tomarem o hospital, na quinta-feira, o fogo israelita matou um paciente e feriu outros seis dentro do complexo, disseram funcionários.
O Hospital Nasser foi o mais recente de uma série de hospitais que as forças israelitas sitiaram e invadiram durante a guerra, alegando que o Hamas os estava a usar para fins militares. Os ataques destruíram o setor da saúde de Gaza, que luta para tratar um fluxo constante de pessoas feridas em bombardeamentos diários.
O direito internacional proíbe atacar instalações médicas, embora estas possam perder essas proteções se forem utilizadas para fins militares. Mesmo assim, Israel deve tomar precauções e seguir princípios de proporcionalidade, afirmou o Gabinete de Direitos Humanos da ONU, acrescentando que "como potência ocupante" Israel tem o dever de manter instalações médicas.
Enquanto isso, as negociações sobre um cessar-fogo em Gaza parecem ter parado e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, recuou relativamente à visão dos EUA para o pós-guerra - particularmente os apelos à criação de um Estado palestiniano.
Depois de falar durante a noite com o presidente Joe Biden, Netanyahu escreveu na rede social X (antigo Twitter) que Israel não aceitará "ditames internacionais relativos a um acordo permanente com os palestinianos".
Disse ainda que, se outros países reconhecessem unilateralmente um Estado palestiniano, isso seria uma "recompensa ao terrorismo".
Netanyahu prometeu continuar a ofensiva e expandi-la para a cidade de Rafah, em Gaza, perto do Egito, até que o Hamas seja destruído e dezenas de pessoas feitas reféns durante o ataque de 07 de outubro sejam libertados.
No telefonema, Biden voltou a alertar Netanyahu relativamente a um avanço de uma operação militar em Rafah antes de apresentar um "plano credível e executável" para garantir a segurança dos civis palestinianos, disse a Casa Branca.