Quatro doentes de cuidados intensivos morreram em Gaza por falta de oxigénio
16-02-2024 - 10:10
 • Lusa

Os militares ordenaram os mais de 460 funcionários, pacientes e seus familiares a mudarem para um edifício antigo do complexo que não está equipado para tratar doente.

Quatro pacientes que estavam internados nos cuidados intensivos do principal hospital do sul de Gaza morreram por falta de oxigénio, anunciaram as autoridades de saúde locais, que denunciaram o caos provocado pelo ataque israelita àquela unidade.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o hospital estava a ser revistado por tropas israelitas que disseram acreditar que os restos mortais dos reféns sequestrados pelo Hamas possam estar ali localizados.

Os militares ordenaram os mais de 460 funcionários, pacientes e seus familiares a mudarem para um edifício antigo do complexo que não está equipado para tratar doentes, segundo a mesma fonte.

Os quatro pacientes na unidade de cuidados intensivos morreram porque a eletricidade foi cortada, interrompendo o fornecimento de oxigénio.

A operação ocorreu depois de as tropas terem cercado o Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul, por quase uma semana, com funcionários, pacientes e outras pessoas no interior a lutar contra os ataques e com bens escassos, incluindo comida e água.

Horas antes de as tropas tomarem o hospital, na quinta-feira, o fogo israelita matou um paciente e feriu outros seis dentro do complexo, disseram funcionários.

O Hospital Nasser foi o mais recente de uma série de hospitais que as forças israelitas sitiaram e invadiram durante a guerra, alegando que o Hamas os estava a usar para fins militares. Os ataques destruíram o setor da saúde de Gaza, que luta para tratar um fluxo constante de pessoas feridas em bombardeamentos diários.

O direito internacional proíbe atacar instalações médicas, embora estas possam perder essas proteções se forem utilizadas para fins militares. Mesmo assim, Israel deve tomar precauções e seguir princípios de proporcionalidade, afirmou o Gabinete de Direitos Humanos da ONU, acrescentando que "como potência ocupante" Israel tem o dever de manter instalações médicas.

Enquanto isso, as negociações sobre um cessar-fogo em Gaza parecem ter parado e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, recuou relativamente à visão dos EUA para o pós-guerra - particularmente os apelos à criação de um Estado palestiniano.

Depois de falar durante a noite com o presidente Joe Biden, Netanyahu escreveu na rede social X (antigo Twitter) que Israel não aceitará "ditames internacionais relativos a um acordo permanente com os palestinianos".

Disse ainda que, se outros países reconhecessem unilateralmente um Estado palestiniano, isso seria uma "recompensa ao terrorismo".

Netanyahu prometeu continuar a ofensiva e expandi-la para a cidade de Rafah, em Gaza, perto do Egito, até que o Hamas seja destruído e dezenas de pessoas feitas reféns durante o ataque de 07 de outubro sejam libertados.

No telefonema, Biden voltou a alertar Netanyahu relativamente a um avanço de uma operação militar em Rafah antes de apresentar um "plano credível e executável" para garantir a segurança dos civis palestinianos, disse a Casa Branca.