Depois de ter estreado no cinema, “O ídolo”, o primeiro filme escrito pelo poeta Fernando Pessoa, e realizado num telemóvel por Pedro Varela fica esta sexta-feira disponível para os subscritores da plataforma OPTO da SIC.
Esta curta-metragem com um caráter de thiller, rodada na integra com um aparelho Samsung Galaxy S21 Ultra 5G dá corpo a uma das muitas ideias que Pessoa deixou escritas quando idealizou uma produtora de cinema, a Ecce Films.
Em entrevista ao programa Ensaio Geral da Renascença, o realizador Pedro Varela fala num duplo desafio. Por um lado, ser “um filme de Fernando Pessoa, é a cereja no topo do bolo”, diz o cineasta, por outro, foi “o desafio técnico” de usar “um telefone” para fazer aquilo que se faz com outras câmaras. “Há aqui uma mudança de paradigma”, sublinha Varela
Com a agência Uzina, Pedro Varela deu corpo ao argumento escrito por Pessoa há quase cem anos. “Ele escreveu cerca de 5 a 6 argumentos. São meias páginas de ideias para filmes, coisas que provavelmente lhe saíram numa noite em que ele estava mais inspirado e a pensar em histórias para cinema”, conta o realizador.
Pessoa viveu o tempo do nascimento do cinema sonoro. Em 2011, foi lançado o livro “Fernando Pessoa – Argumentos para Filmes” que revela essa faceta da vida e obra do poeta e o seu interesse pelo cinema. Além dos argumentos, o poeta chegou mesmo a desenhar o logotipo da produtora de cinema que idealizou.
A Ecce Filmes foi recriada agora por Pedro Varela. O realizador, pegou no argumento e recriou uma história. “Era um universo que já me fascinava muito, que me acompanhou toda a minha vida e que conheço bastante e foi um privilégio poder dar continuidade a uma ideia de Pessoa”, revela o realizador.
O filme é falado em inglês, porque foi em inglês que Pessoa escreveu as escassas linhas do seu argumento, mas Pedro Varela fez também questão que houvesse no filme momentos em português, a língua de Pessoa.
“Tentei ser fiel ao universo que o rodeava”, explica o realizador sobre o guião a que deu continuidade. “É muito sobre ego, vaidade, poder e uma coisa que os thrillers na altura tinham que era este desafio de classes”, conta o cineasta que é autor da série televisiva “Os Filhos do Rock”.
Na origem da história está uma viagem de barco e o transporte de uma peça rara de grande valor. “É uma travessia de Nova Iorque para Southampton. A premissa é o transporte de um objeto de grande valor, de um milionário que viajava no seu grande iate privado com um grupo de amigos e propunha um jogo. Nesse jogo o seu grande objetivo era o estudo da condição humana” explica Pedro Varela.
Filmado durante seis dias em Sintra, Viana do Castelo e Lisboa, “O Ídolo” chega agora também às plataformas de streaming como a OPTO da SIC. No elenco, a curta-metragem conta com a participação dos atores portugueses Tiago Felizardo, Ana Vilela da Costa, Soraia Tavares e Paula Magalhães. O restante elenco é internacional.