António Costa. Boicote de polícias às eleições seria "ato grave de traição à democracia"
05-02-2024 - 19:50
 • Ricardo Vieira

Primeiro-ministro reafirma que o Governo de gestão não tem legitimidade para responder a reivindicações com impacto orçamental permanente e duradouro.

O primeiro-ministro espera que as forças de segurança não façam boicote às eleições legislativas de 10 de março.

Um boicote das forças de segurança às eleições legislativas seria um “ato grave de traição à nossa democracia", afirma António Costa.

Numa carta enviada à plataforma de sindicatos da Polícia, António Costa espera que tal não aconteça e que as eleições decorrem com normalidade.

"Conhecendo bem os homens e as mulheres que servem nas nossas forças de segurança, é minha profunda convicção, e acredito ser também a de toda as cidadãos e cidadãos, que jamais as forças de segurança perpetrariam um ato tão grave de traição à nossa democracia", escreve o primeiro-ministro.

António Costa sublinha que "o Governo garantirá a segurança dos cidadãos, a manutenção da ordem pública e, obviamente, o normal direito de voto a todas e todos os portugueses".

O chefe do Governo reage assim às recentes declarações do presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol). Depois de terem surgido um número acima do normal de baixas médicas entre as forças de segurança, e que obrigaram a adiar o jogo Famalicão-Sporting, Armando Ferreira recordou que são estes agentes quem transporta os boletins e as urnas de voto.

“Temo que, se calhar, o senhor primeiro-ministro não vai ficar em funções só até ao dia 10 de março", declarou o sindicalista, à CNN Portugal.

Sobre as reivindicações dos elementos das forças de segurança, de um subsídio de missão como na Polícia Judiciária, António Costa diz que o Governo de gestão não tem legitimidade constitucional para tomar uma medida com impacto orçamental permanente e duradouro.

O Governo de gestão não tem também legitimidade para "negociar ou decidir a matéria que tem vindo a ser reivindicada por esta plataforma sindical", argumenta o primeiro-ministro.

Dentro de poucos meses, depois das eleições de 10 de março, "haverá um novo governo que poderá, se assim o entender, encetar as negociações que, por ora, estamos impedidos de estabelecer", refere António Costa na resposta aos elementos das forças de segurança em protesto por melhores condições.