Praticamente todos os partidos defenderam esta quinta-feira a realização de eleições antecipadas na Madeira, nos encontros que mantiveram com o representante da República, Ireneu Barreto.
O líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, defendeu a realização de eleições antecipadas na região autónoma "o mais rapidamente possível" e considerou que o eleitorado vai penalizar os partidos que aprovaram a queda do executivo minoritário social-democrata.
"Nós estamos, neste momento, sem Orçamento [para 2025], temos um governo de gestão, que vai fazer a governação por duodécimos, e é fundamental reinstalar o mais rapidamente possível a confiança no mercado, garantir que através das eleições voltamos a ter um governo estável e com um horizonte de futuro", declarou.
Ireneu Barreto recebe esta quinta-feira os sete partidos com representação na Assembleia Legislativa na sequência da queda do executivo, após a aprovação, na terça-feira, da moção de censura apresentada pelo Chega.
O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, também defende que o Presidente da República deve dissolver a Assembleia Legislativa Regional e convocar eleições “o mais rápido possível” no calendário permitido pela lei.
“Neste ponto em que nos encontramos, parece-nos que não há qualquer condição no atual quadro parlamentar para outra solução e, portanto, na nossa opinião, devemos realizar eleições, dissolvendo o senhor Presidente da República a Assembleia Regional, o mais rápido possível dentro do calendário que a lei permite”, afirmou.
Na mesma linha, o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, defendeu que o “único cenário” para ultrapassar a crise política na Madeira é haver eleições antecipadas e indicou que o partido vai concorrer com listas próprias, mas admite entendimentos pós-eleitorais.
“Depois dos resultados eleitorais, o JPP vai falar com os partidos se não houver maiorias”, afirmou, para logo acrescentar: “Não vamos falar antes, que isso, para nós, é trair a confiança da população”.
O CDS-PP/Madeira considera que o ciclo de governação do PSD “está interrompido”, com a aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, e defendeu que a “solução mais viável” é a realização de eleições antecipadas.
“Não temos medo de eleições, temos a consciência tranquila de que fizemos aquilo que devíamos fazer. Vamos a eleições”, disse o dirigente democrata-cristão Ricardo Vieira, após uma audiência com o representante da República para a Madeira.
O presidente do Chega/Madeira, Miguel Castro, insistiu que, não havendo uma reformulação do Governo Regional liderado por Miguel Albuquerque (PSD), a região deve realizar eleições “o mais rápido possível”.
“Achamos que, ao não haver essa reformulação do governo, tem de haver efetivamente um ato eleitoral para os madeirenses e porto-santenses escolherem os seus representantes”, declarou Miguel Castro.
O governo regional liderado por Miguel Albuquerque foi derrubado, na terça-feira, por uma moção de censura do Chega.
A moção de censura recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD (19 deputados) e o CDS-PP (dois deputados), partidos que têm um acordo parlamentar, votaram contra.
Antes, em 9 de dezembro, a oposição na Assembleia Legislativa tinha também votado em bloco contra as propostas de Orçamento e Plano de Investimento para 2025, pelo que a região entra no novo ano em regime de duodécimos.
Em novembro, o Chega, que tem quatro deputados num universo de 47 lugares no hemiciclo, justificou a apresentação da moção de censura com as diferentes investigações judiciais envolvendo o presidente do executivo e da estrutura regional do PSD, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos este ano.
A aprovação da moção de censura, já publicada em Diário da República, uma situação inédita na região autónoma, implicou a queda da XV Governo da Madeira, que estava em funções desde 6 de junho deste ano.