A TAP vai obrigar a um orçamento retificativo para se poder injetar mais 470 milhões de euros na empresa. É o CDS quem o diz, depois de um encontro com o ministro do Planeamento.
“Pela leitura dos números, daquilo que nos foi transmitido, percebe-se claramente que terá de haver, já no próximo ano, um reforço orçamental de mais 470 milhões de euros e, portanto, haverá um retificativo, mais que não seja por esta questão da TAP”, avançou aos jornalistas o deputado João Gonçalves Pereira, nesta quarta-feira.
“Além da questão orçamental há outras questões. Houve muita informação que nos transmitida e que merece ainda uma reflexão da parte do CDS”, acrescentou sem entrar em pormenores sobre o plano de reestruturação da companhia.
A reunião com o ministro Pedro Nuno Santos aconteceu poucas horas antes da entrega do documento em Bruxelas. E sobre a hipótese de o plano ser levado ao Parlamento, como avançado no domingo por Luís Marques Mendes, João Gonçalves Pereira diz não ter certezas.
“O senhor ministro não confirmou isso e diz que o Governo ainda estará a ponderar nessa matéria”, afirmou.
Os encontros do Governo para falar sobre a TAP vão continuar com os restantes partidos. No final das reuniões, o ministro das Infraestruturas, que tem a tutela da aviação, não fará declarações aos jornalistas. O plano será apresentado publicamente pelo Governo depois de entregue na Comissão Europeia.
Na noite de terça-feira, o Governo esteve reunido em Conselho de Ministros extraordinário para apreciar o documento.
A apresentação ao executivo comunitário até quinta-feira é uma exigência da Comissão pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de Covid-19 no setor da aviação.
O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos que os representam.
O Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC) e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) apelaram ao Governo que negoceie com Bruxelas o adiamento da apresentação do plano de reestruturação da TAP, denunciando que este está baseado em previsões de mercado "completamente desatualizadas".
Na passada quarta-feira, centenas de trabalhadores da TAP concentraram-se em frente à Assembleia da República, em Lisboa, a pedir diálogo e transparência, no âmbito do processo de reestruturação do grupo.
A iniciativa foi promovida pelo movimento "os números da TAP têm rosto", sem qualquer ligação aos sindicatos que representam os trabalhadores da companhia aérea, na sequência de notícias sobre despedimentos e cortes salariais que têm sido anunciados.