Afinal, ainda há material de guerra roubado em Tancos que está desaparecido. Uma informação avançada no dia em que é votada a comissão parlamentar de inquérito para apurar responsabilidades neste caso.
Segundo o “Diário de Notícias”, há discrepâncias entre as listas do material furtado em Tancos e a do material que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar.
As listas enviadas pela Procuradoria-Geral da República à Comissão de Defesa Nacional do Parlamento confirmam que há granadas e explosivos que não foram devolvidos.
Escreve o jornal que o Ministério Público (MP) já tinha dado o alerta para a discrepância e para o perigo que o paradeiro desconhecido deste material de guerra representava para a segurança pública, num recurso que dirigiu ao Tribunal de Relação no âmbito da investigação, no passado mês de março. "As listas enviadas ao parlamento são as mesmas que a PJM cedeu ao MP e há discrepâncias", garantem fontes envolvidas na investigação.
Trinta cargas de corte explosivas, três granadas ofensivas, duas granadas de gás lacrimogéneo e um disparador de descompressão foram roubados dos paióis e não foram devolvidos.
De acordo com a lista publicada pelo Ministério da Defesa no relatório "Tancos - Factos e Documentos", em 28 de junho de 2017, foram furtados dos paióis 22 bobines de arame de tropeçar; 1.450 munições de 9 mm; 15 disparadores; 18 granadas de mão de gás lacrimogéneo, 30 granadas de mão de instrução; 120 granadas de mão ofensivas; 44 LAW (arma anti carro); 102 cargas de corte explosivas; 264 velas de explosivo plástico PE-4A; 30,5 lâminas explosivas e 60 iniciadores.
Na equipa de investigação há, no entanto, quem não descarte a possibilidade de o inventário inicial ter sido mal feito ou mesmo do registo dos paióis não estar rigoroso.
O Parlamento vota esta sexta-feira a proposta do CDS para se avançar com uma comissão de inquérito ao furto de armamento. Tem a aprovação garantida do PS e do PSD e a abstenção do PCP. BE e PEV já disseram que não vão inviabilizar o inquérito.
O caso já provocou duas saídas: o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que se demitiu e foi substituído por João Gomes Cravinho; o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, também se demitiu, lugar agora ocupado pelo general José Nunes da Fonseca.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
As armas apareceram depois em outubro de 2017, na Chamusca.