Marcelo Rebelo de Sousa defende que a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja em Portugal deve prosseguir os trabalhos para lá do prazo inicialmente previsto, que é o mês de dezembro. O Presidente da República que recebe, esta sexta-feira, a comissão em audiência, diz ser fundamental investigar e apurar a verdade.
“O papel da Justiça é realmente investigar e, uma vez que que comissão independente se propôs abrir caminho para isso, deve prosseguir essa sua tarefa – se tiver disponibilidade – para além do prazo previsto”, disse aos jornalistas durante a cerimónia de inauguração da 630.ª edição da Feira de São Mateus, depois de ser conhecido que foram denunciados mais 12 sacerdotes por suspeitas de pedofilia.
"Isto é um crime público, que em rigor é da própria incumbência das autoridades públicas prosseguirem a sua investigação, mas também defendo que deve ser feito um forte apelo a todos os que podem participar e denunciar." O Presidente da República defendeu, esta quinta-feira, que não há nada mais importante do que o apuramento da verdade, apontando a necessidade de se levarem até ao fim as investigações relacionadas com abusos por padres.
"É preciso levar a investigação até ao fim, demore o tempo que demorar, independentemente do número de casos que houver e daí retirarem as ilações. Acho que a comunidade portuguesa e as várias instituições, no caso também da Igreja Católica, devem retirar as conclusões desse procedimento do passado", apontou.
No final da cerimónia de inauguração da 630.ª edição da Feira de São Mateus, que vai decorrer na cidade de Viseu até 21 de setembro, o Presidente da República sublinhou aos jornalistas de que não há nada mais importante para as instituições do que o apuramento da verdade. "O que mata as instituições é o medo de apurar a verdade e vão apodrecendo. A capacidade de descobrir, denunciar, punir é uma capacidade de instituições vivas e de um Estado de direito vivo", referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que, como acontece sempre em atividades que se consideram que possam vir a ser criminosas, ou foram criminosas, devem ser investigadas.
"Devem ser investigadas pela Comissão, chegando à Comissão, devem ser investigadas pelo Ministério Público, isto é, pelas autoridades judiciais para procederem em conformidade. É assim num Estado de direito, é assim que deve ser", concluiu.
De acordo a edição desta sexta-feira do jornal Expresso, um padre terá denunciado outros 12 sacerdotes por indícios de abuso sexual de menores e assédio. O semanário noticia também que metade dos sacerdotes estarão ainda no ativo.
[notícia atualizada às 7h00 de dia 5]