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A internacional espanhola Jenni Hermoso, que ficou fora da primeira convocatória da nova selecionadora Montse Tomé, acredita que nada mudou na Real Federação Espanhola (RFEF) e a convocatória das jogadores que pediram para não serem chamadas é "mais uma estratégia de divisão e manipulação".
Hermoso ficou fora da convocatória e a nova selecionador justificou a sua ausência como uma forma de proteção, uma vez que foi o beijo do presidente Luis Rubiales à jogadora que deu origem à polémica no futebol espanhol e à saída do dirigente.
Em comunicado, Hermoso discorda da atitude: "Proteger-me de quê? Passamos semanas, meses, à procura dessa proteção que não conseguimos encontrar no seio da própria RFEF. As mesmas pessoas que nos pedem confiança são as que hoje lançam uma lista de jogadoras que pediram para não serem convocadas".
Depois do beijo de Rubiales, as campeãs mundiais anunciaram a sua vontade de não regressarem à seleção até que fossem implementadas mudanças estruturais na RFEF. As negociações prolongaram-se, sem acordo, mas a nova selecionadora convocou 15 jogadoras de qualquer maneira.
Jenni Hermoso acredita que a postura da RFEF e da nova selecionadora é "mais uma estratégia de divisão e manipulação para nos intimidar e ameaçar com repercussões legais e sanções económicas".
"Mais uma prova incontestável que demonstra que nada mudou hoje e que confirma a razão pela qual estamos a lutar e como o estamos a fazer. Quero manifestar o meu total apoio às minhas colegas que hoje foram surpreendidas e obrigadas a reagir a mais uma situação lamentável provocada pelas pessoas que hoje continuam a tomar decisões no seio da RFEF", pode ainda ler-se.
Tomé garantiu que as jogadoras encontrariam um ambiente seguro. Hermoso encontra ironia nas declarações da nova selecionadora: "Tentaram argumentar que o ambiente seria seguro para as minhas colegas quando, na mesma conferência de imprensa, foi anunciado que não me convocam para me proteger".
Na sexta-feira passada, 39 jogadoras, incluindo 21 das 23 campeãs do mundo (só não assinaram Claudia Zornoza, que horas depois anunciou o adeus à seleção, e Athenea), pediram à RFEF a reestruturação do organigrama do futebol feminino e asseguraram que as mudanças feitas "não são suficientes" para que se sintam "em lugar seguro".
Pediam ainda a demissão do presidente da RFEF, que é interinamente Pedro Rocha, e a reestruturação das áreas de comunicação e marketing e a direção de integridade, considerando que as mudanças feitas desde o Mundial "não são suficientes"
O comunicado levou ao adiamento da convocatória dos jogos da Liga das Nações para esta segunda-feira, com 15 jogadoras que estiveram no Mundial na lista, mas não Jenni Hermoso, a jogadora que esteve no centro da polémica iniciada com o beijo do então presidente federativo, Luis Rubiales.
O selecionador campeão, Jorge Vilda, também foi afastado, tendo sido substituído por Montse Tomé. A RFEF emitiu um comunicado ao início desta tarde a reforçar o seu compromisso com uma renovação estrutural, mas a imprensa espanhola noticiava que não existia acordo entre as duas partes.
A Espanha deverá começar a campanha da Liga das Nações, que apura para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, frente à Suécia, em Gotemburgo, na quarta-feira, recebendo depois, a 26 de setembro, a Suíça, em Córdoba.