Aprovada por unanimidade, esta terça-feira, a audição na Comissão Parlamentar de Defesa ao ministro João Cravinho, ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas EMGFA e ao Chefe Estado-Maior do Éxército, no âmbito da Operação Miríade.
A audição vai decorrer em simultâneo às três entidades.
Está marcada para as 14h30, desta sexta-feira, para que sejam dadas explicações sobre o tráfico de diamantes droga e ouro por militares portugueses na RCA.
O presidente da Comissão de Defesa anunciou que a tripla audição vai decorrer à porta aberta devido ao interesse público.
O PSD já anunciou que que vai requerer o acesso aos pareceres jurídicos invocados pelo Presidente da República como justificação dada pelo ministro da Defesa para não ter avisado o Chefe Supremo das Forças Armadas.
O ministro da Defesa Nacional já se tinha demonstrado disponível a ir ao Parlamento, depois de PSD e BE terem pedido a sua audição urgente sobre as suspeitas de tráfico por militares portugueses.
O que é a Operação Miríade?
A Polícia Judiciária (PJ) confirmou a 8 de novembro a execução de 100 mandados de busca e 10 detenções, incluindo de militares e ex-militares, no âmbito da Operação Miríade, na sequência de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”.
Em comunicado, o EMGFA revelou que alguns militares e portugueses em missões na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios” no tráfego de diamantes, adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.
O Presidente da República escusou-se na quarta-feira comentar as suas relações com o Governo depois de não ter sido informado do processo, e, questionado se neste caso se verificou uma nova falha de comunicação entre o ministro da Defesa e o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: "Não levem a mal, mas eu não tenho mais nada a comentar. Percebo a vossa curiosidade, estão na vossa função, mas eu também estou na minha função".